quinta-feira, novembro 29, 2012

Uma casa nada engraçada



Eu estava na 2ª série, tinha 7 anos, era o tempo em que condicionador chamava creme rinse, chamávamos pizza pelo orelhão que ficava duas ruas atrás de casa, eu colecionava os cartões da Telebrás e da Telesp e todos falavam 2ª série do Primário, embora já existisse a denominação oficial de Ensino Fundamental.
A professora da minha turma se chamava Alexandra e todos gostávamos dela, mas isso não impedia que fossemos terríveis pestinhas.
No Colégio Floresta, onde estudava, cada mês uma turma cantava uma música nacional para o resto da escola. Até hoje conheço a letra inteira de Pensamento, do Cidade Negra, e de Admirável Gado Novo, por exemplo.
Um belo dia, a professora Alexandra passou para copiarmos da lousa uma música já conhecida de todos para que cantássemos.
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não
...
Essa aí! Ela pediu que lêssemos e que pensássemos na letra, a sala então ficou aquela bagunça. A professora começou a falar:
- Pessoal, que casa é essa? Vocês sabem?
Pois é, eu ouvi ela dizendo isso. Mas muita gente não ouviu. Estava aquele fuá na sala e a professora disse que só contaria que casa era aquela se a sala ficasse calma e em silêncio. Bom, a turma não ficou quieta.
Passaram-se 18 anos e eu ainda penso: Mas que porra de casa é essa?
Cantarolo, leio a letra, escuto a música e nada!
Moral da história: Você, professor, professora, por mais que você ache que ninguém está prestando atenção em você, alguém está e esse momento pode ficar marcado na vida desse alguém pra sempre.
É capaz que minhas últimas palavras sejam:
-Que casa é essa?