sábado, novembro 30, 2013

Verdade ou Desafio


    Quando criança, era "tendência" nas escolas -muito antes do tablet e do Facebook- o caderno de enquete. Quem se lembra das perguntas mais esdrúxulas o possível que estavam ali? Começava na pergunta 1 e por vezes ia até a 100, ou além. Do seu nome e idade até o que você levaria a uma ilha deserta, passando por música favorita, comida preferida, e nome dos irmãos. 

     Quanto mais velha a criançada, mais íntimas as perguntas, como "qual o menino mais bonito da turma" ou "onde foi seu primeiro beijo", ou, ainda: "você é BV?". Uma bala para a criança de 12 anos que sabe o que quer dizer essa sigla! 
   
     Não sei o que era mais legal e divertido: montar o caderno, pensando nas perguntas, ou responder o caderno de um(a) colega, vendo as respostas do outros para depois fofocar no dia seguinte com os amigos. "Você viu o que Fulano respondeu?", "Uau, Sicrana gosta mais do Five do que dos Backstreet, nada a ver!"

       Hoje em dia, a antiga criançada, agora nos pós-25, faz o que pode para falar de si e dos outros no Facebook e afins. Nada contra. Pelo contrário, também sou assim. E não acho nada de reprovável nisso. É bom poder falar de si às vezes, poder vasculhar questões, coisas boas, ruins e das quais se tem vergonha e expô-las para os demais. Além disso, é bom saber que nossos amigos também têm defeitos, medos e lembrar o quão divertidos, engraçados e espertos eles são.

Tornar pública alguma informação tem níveis diferentes de revelação. Uma coisa é sair na Contigo, na Caras, na Tititi e no F5 que Cauã Raymond e a mulher dele estão se separando. Outra coisa bem diferente é eu, que não sou famosa nem nada, dizer no meu status do Facebook que tenho medo de palhaços. Primeiro: a que isso pode interessar? Segundo: quantas pessoas vão ler? Quantas pessoas são minhas amigas no Facebook? Só quem eu conheço na vida real e que é, pelo menos, meu colega.
Agora surgiu na rede social uma nova enquete, do tipo desafio. Alguém fala um número de coisas sobre si e quem curtir (e todo mundo curte tudo no Facebook, essa é a verdade) ganha um número dessa pessoa. Esse número é a quantidade de coisas sobre si que essa outra pessoa deve revelar na rede, qualquer coisa, mas que pouca gente saiba.

Não vale, por exemplo, dizer que tem cabelo loiro e 27 anos, ou que é alta. O peso, deve valer, já que pouca gente revela isso. Será que vale o número do calçado?

Surgiu de tudo. Tem gente que tem medo de borboleta, que confessa (uau) que pode trocar facilmente o dia pela noite, que não gosta de cereja e chantilly (heresia, mas bom saber quando for fazer bolo Floresta Negra), gente contou como se converteu a uma nova religião e que tem pavor de ficar em cima da grade de ar do metrô. Qual o problema em querer saber e se interessar pela vida do outro? Isso faz parte de ser humano. Duas amigas disseram que querem ver a revolução. Isso dá orgulho dazamiga!

Eu curti, é claro. E fui ganhando uns números: 11 e 6... por enquanto. Vou fazer a média, 8,5! Resolvi trapacear e não publicar a lista na rede social e sim aqui no meu blog. Vale isso, produção? É que acho que vou escrever demais, e cabe muito melhor aqui do que no Facebook.

Antes, só quero dizer, já que nessa semana teve toda uma polêmica em torno de um novo aplicativo, que isso nada tem a ver com o Lulu e seus derivados. Na verdade não sou contra o Lulu, acho engraçado, embora de gosto duvidoso, mas uma coisa é a pessoa falar sobre si mesma, outra coisa é os outros ficarem falando, anonimamente, sobre outra pessoa, e sobre a intimidade dos outros. Eu só acredito piamente que nunca fui íntima de alguém que vá ficar espalhando por aí coisas sobre meu desempenho sexual. Se bem que... quem não deve, não teme! #prontofalei

1 - Não acredito em deus, nenhum, nem em energias, acaso, horóscopo, sorte ou derivados.

2 - Às vezes acho que acreditar em deus me ajudaria em muitas coisas, mas não acredito de jeito nenhum (http://autoretratonomuseu.blogspot.com.br/2012/02/eis-o-misterio-da-fe.html)

3 - Sou a rainha da procrastinação, deixo tudo para a última hora e sinto um prazer bizarro em ficar fazendo listas do que tenho para fazer e nunca começar a fazer nada (agora mesmo eu deveria estar fazendo outra coisa ao invés de escrever no blog, mas eu já pulei o mês de outubro e não posso deixar passar o de novembro)

4 - Tenho loucura por poupança. Gosto de poupar, de guardar dinheiro. Já tem amigos me dizendo que deveria investir em outras coisas, como tesouro direto ou em ações, mas sou conservadora e tenho medo de perder grana.

5 - Não se passa um dia sem que eu pense em Paris. Penso no tempo que passei lá todo santo dia e isso me deixa um pouco triste, porque sinto muita saudade. Não que eu ache que minha vida aqui não seja boa, mas é uma experiência incrível passar dia após dia fazendo descobertas e tendo experiências inéditas, e fui muito feliz ali.

6 - Não quero ter filhos. E acho que o mundo seria um lugar melhor se as mulheres pudessem afirmar mais isso para si mesmas e para todos, um mundo em que o fato de ser mulher não quisesse dizer que se tem o "instinto materno" e ninguém fosse pressionada a ter filhos para não "ficar para titia".

7 - Tenho pavor de lugares fechados cheios de gente. Por isso não gosto de shoppings e suas praças de alimentação. Por isso também não consigo me divertir em bares cheios e danceterias.

8 - Demorei mais tempo do que deveria para me livrar dos preconceitos do meio "intelectual" do qual queria fazer parte. A partir de então, vejo novelas da Globo sem neuras, ouço samba e curto futebol -principalmente jogos de Copa do Mundo e Eurocopa (ainda mais com a TV HD). Acho um saco quem diz que isso aliena as pessoas. Não é isso que aliena as pessoas. Não é isso que impede as pessoas de entender Kant ou Hegel, sorry!

0,5 - Guardo mágoas e rancores. Sou cheia de ex-amigos e não falo com nenhuma das pessoas que namorei.