segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Mulheres que amam demais

esse salto é só ironia...

     Tenho uma teoria que diz que as novelas das seis costumam ter melhores personagens masculinos do que as novelas das nove. Desde "A Vida da Gente" eu nutro essa teoria, com os personagens do pai fotógrafo, do pai adotivo, o Leonardo Medeiros que termina um casamento porque não quer ter filhos com a esposa etc.
     Nas novelas das nove, especialmente, quem carrega a trama são as personagens femininas e resta aos homens os papéis de coadjuvantes, mesmo quando supostamente deviam ser os principais, eles são mais rasos do que a reserva da Cantareira nesse momento. Murilo Benicio em "O Clone" nem sendo gêmeo conseguiu ter mais destaque do que Jade e pelo menos outras três figuras femininas.
     Não sei se porque Walcyr Carrasco vem justamente de outras faixas de horário, seis e sete, mas "Amor à Vida" foi diferente. E não só os personagens masculinos eram mais complexos, ganharam mais destaque e faziam a trama avançar, como as personagens femininas faziam as mais diversas loucuras por amor, como se a vida delas girasse completamente em torno dos homens.
     Com isso, é claro, não quero dizer que as outras novelas não sejam machistas, cof cof, as novelas são bastante fielmente um reflexo de nossa sociedade e um produto dela e para ela. Mas o que quero dizer, e espero que fique claro com os levantamentos de personagens que faço abaixo, é que "Amor à Vida" levou mesmo as mulheres à loucura. E por causa de... tcharan... homens!
     No melhor do esteriótipo da "psicanálise" e do começo do século 20, as mulheres são histéricas e, como ouvimos todos os dias, "estão descontroladas". Quem entende as mulheres, não é?!
    - Caso 1 - Vega
     Casada com o rico Atílio, Vega não suportou ser traída (não será a única) e, como forma de se vingar do marido, ela resolveu ir à Justiça, provar que ele era incapaz (porque estava com duas personalidades) e bloquear os bens dele, assim, conseguiu mantê-lo por perto ao invés de deixá-lo ir com a outra mulher e ficar de boa. Quer menos amor próprio do que isso?
    - Caso 2 - Glauce
    Médica ginecologista, ela matou uma de suas pacientes porque gamou no marido dela, com quem ela nunca teve nada, a não ser tê-lo visto nas consultas acompanhando a esposa. Pode isso? Surreal! Aí, depois de mais de 12 anos depois, quando ela vê que não tem jeito mesmo de pegar o bofe de ouro, ela se sente culpada e ... se mata! Afinal, se eu não posso ter o bofe que eu amo, a vida não faz mais sentido.
    - Caso 3 - Suzaninha, ou melhor, Pilar
    Só descobrimos no fim da novela o que todos já sabíamos. A criatura foi traída pelo César-garanhão (mais uma, falei), ficou com tanta raiva da amante do marido que resolveu matá-la. Legal, né? Aí ela descobre que matou a mulher errada, deixou a amante paralítica e a sobrinha da amante volta para se vingar do marido adúltero dela.
    - Caso 4 - Amarilis
    Talvez o caso mais grave e o mais bizarro. Amarilis é uma mulher lindona, gostosa, médica dermatologista. Desde o começo a gente já sacou que ela tem problemas de autoestima. Aí ela investe suas poupanças com o Félix e perde tudo. Como salário de médico do San Magno deve de ser uma miséria, ela não tem mais nem onde morar. Vai morar então com o casal de quem vai ser barriga solidária. Como é uma bitch invejosa, ela rouba o marido do Niko, o Eron. Porque mulher é tudo louca, descontrolada e invejosa, né não? Parece que sim. (Só faltou mesmo briga de puxar cabelo nessa novela.) Aí ela rouba também o filho do Niko, porque a inveja atormentou ela demais.

    Tudo isso, é claro, não apaga o brilho do beijo gay. Falem o que quiser, isso foi sim um avanço na televisão brasileira, um tapa na cara de muita gente preconceituosa por aí. E nem me venham com a história: o importante é o amor, o amor venceu. Cara, foi um beijo gay. Não arranquem essa conquista dos gays fazendo o fato se passar por algo corriqueiro.