segunda-feira, fevereiro 04, 2013
Viagem ao Sambódromo
Como muitos paulistanos e paulistanas, fui ao sambódromo no último sábado, dia 02 de fevereiro, para prestigiar as escolas de samba em seus últimos ensaios técnicos. Como já imaginava que ficaria muito tempo no ponto esperando pelo ônibus, resolvi checar no site da SPTrans o horário do próximo Ceasa a sair do Terminal Penha ( http://www.agora.uol.com.br/saopaulo/ult10103u1082844.shtml ).
Qual não foi minha surpresa ao descobrir que o famoso 278A Penha-Ceasa que liga a zona leste à zona oeste passando, por exemplo, pelo sambódromo, teve seu trajeto reduzido até Santana. Segundo o site só há dois ônibus que passam pela Av. Olavo Fontoura, ambos saem do metrô Santana em direção a bairros mais distantes dentro da zona norte.
Recorri então ao metrô, e resolvi parar antes na estação Portuguesa-Tietê, sem sair da catraca, para checar se não havia, quem sabe, um ônibus de lá que passasse próximo ao sambódromo, já que ali é a estação de metrô mais próxima, ou quem sabe, considerando as proporções do evento, a prefeitura não teria disponibilizado um ônibus que fizesse o trajeto. Na catraca encontrei uma funcionária do metrô que me disse que eu poderia pegar o Ceasa ali.
- Sério? Mas no site da SPTrans essa linha não existe mais.
- Tem sim, pode descer aqui e pegar.
- Certeza?
- Certeza!
Ao descer para a Av. Cruzeiro do Sul, na saída da estação, perguntei a dois seguranças terceirizados trabalhando ali se o Ceasa ainda passava no ponto ao lado da banca.
- Ceasa? Não tem mais. Mas passa o Hospital Cachoeirinha aqui que vai para lá.
(Cachoeirinha é um dos que o site informava que saia de Santana e passava na Olavo Fontoura).
Fui então para o ponto, cheio de membros de escolas de samba com camisetas de suas agremiações, senhoras baianas, músicos, foliões que ensaiariam e que assistiriam. Todos ali esperando o Ceasa, ninguém ali sabia que o ônibus não operava mais esse trajeto.
Nos meus saudáveis 25 anos, resolvi esperar pelo tal ônibus e não fazer os 3km que separam a estação de metrô do sambódromo a pé, pois não consegui ninguém para me acompanhar, já era noite e tampouco tenho minha segurança garantida no caminho até lá. Quem já fez o trajeto sabe que, mesmo de dia, não é nada animador, com aquela passarela no Campo de Bagatelle nem um pouco pedestrian friendly, muitos muros e pouca iluminação, sem falar na precária calçada da Av. Olavo Fontoura.
Fiquei uma hora no ponto, das 20h às 21h, e, num sábado à noite, na semana que antecede o carnaval, nenhum ônibus da tal linha passou. (Checando no site da SPTrans no dia seguinte vi que a linha devia ter três carros saindo do ponto final nesse intervalo aos sábados.) Mas, é claro, quando o Estado se omite a população fica à mercê da ilegalidade e uma van clandestina estava operando o trajeto metrô Portuguesa-Tietê/Anhembi, cobrando R$3 de idosos e, é claro, não aceitava bilhete único nem concedia o direito a meia -passagem a estudantes e professores. Durante a uma hora que passei no ponto ela passou após a primeira meia-hora e depois de 25 minutos de novo. Uma van clandestina pegava a Marginal Tietê lotada de pessoas, sentadas e de pé, deixando todos ao lado da Campus Party 2013, a 20 passos de uma base móvel da PM.
Procurei um guarda da GCM:
- Olha, gostaria de avisar que tem uma van clandestina operando o trajeto do metrô Tietê até o sambódromo.
Cara de paisagem por 10 segundos.
- Ah, a CET já está tomando providências.
- Ah é? Porque fiquei uma hora no ponto e ela operou normalmente.
Cara de paisagem pra sempre.
Ao chegar em casa e pesquisar sobre o ônibus e a mudança de trajeto, descobri um abaixo-assinado contra a alteração que foi anunciada em janeiro de 2013 ( http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2013N34330 ), além do artigo do Agora de abril de 2012 com link no início do texto. O abaixo-assinado dá ótimas razões para a linha não ser alterada, mas mais uma vez as empresas de ônibus ganharam e a população perdeu.
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