São Paulo é uma cidade sem muito verde e cuja fauna por vezes parece não ter muito mais do que mosquitos, ratazanas e baratinhas. Por isso, resolvi homenagear plantas e animais tão raros em nossa cidade cinza para caracterizar os usuários do metrô.
Esse metrô maluco, de poucas linhas e muita gente, onde todo dia o pessoal viaja amarrotado e tem de fazer força para não enlouquecer empurrando e sendo empurrado, na lentidão e nos solavancos de um trem que, faça chuva, faça sol, vive com aquele anúncio "devido a problemas na estação X, estamos circulando com velocidade reduzida e maior tempo de parada".
Quem anda reconhecerá ou se reconhecerá no reino selvagem do metrô.
Borboletas e mariposas
Aquela velha história de saber a diferença entre elas pelo jeito como suas asas ficam quando param. Nos corredores do metrô há passageiros borboletas, que seguram discretamente nos tubos verticais para não caírem, sempre de braços fechados, mantidos perto do corpo, ou nos altos horizontais com um braço só ou com os dois grudadinhos. Já os passageiros mariposas são espaçosos e gostam de abrir as asas quando param nos corredores, como se espreguiçassem, seguram uma mão na barra vertical, outra na horizontal e ocupam dois metros, não deixando espaço para as pobres borboletas se equilibrarem.
Mosca tsé- tsé
A mosca africana Glossina palpalis misteriosamente vive no transporte público de uma cidade sem mata como Sampa. Transmissora do Trypanosoma brucei (protozoário causador da doença do sono), ela ataca aqueles que se sentam nos bancos preferenciais para idosos, grávidas e pessoas com criança de colo ou com deficiência. As picadas acontecem mais frequentemente no período da manhã e horários de rush, quando o metrô, e também os ônibus - sim, essa espécie também vive em ônibus - estão bem cheios.
Ruminantes
Esses mamíferos de estômagos complexos, com três ou quatro câmaras, estão sempre a comer. Na ida, na volta, na plataforma, nas escadas, nas catracas, não importa. Os ruminantes mais junky food vão com seus pacotes de salgadinhos de todos os tipos e todas as cores, e latas de refrigerantes e coxinhas de frango. Já os ruminantes mais saudáveis mastigam suas maçãs, seus lanches naturais em pão integral e tomam um suquinho de frutas de caixinha ou uma garrafa d'água.
Ruminantes
Esses mamíferos de estômagos complexos, com três ou quatro câmaras, estão sempre a comer. Na ida, na volta, na plataforma, nas escadas, nas catracas, não importa. Os ruminantes mais junky food vão com seus pacotes de salgadinhos de todos os tipos e todas as cores, e latas de refrigerantes e coxinhas de frango. Já os ruminantes mais saudáveis mastigam suas maçãs, seus lanches naturais em pão integral e tomam um suquinho de frutas de caixinha ou uma garrafa d'água.
Tubérculos
Os passageiros tubérculos vivem enterrados em seus celulares, smartphones, tablets e geringonças eletrônicas que o valha. Só olham para baixo e nunca para frente ou para os lados. É preciso muita força para arrancá-los da terra - das telas, o que por vezes pode fazer com que percam a estação em que deveriam descer ou fiquem na frente de todo mundo que quer passar pelos corredores, portas e escadas.
Dromedários
Os dromedários são muito frequentes nos vagões dos metrôs, aparecendo bem mais do que os camelos. Com sua bossa única, ocupam o espaço de duas pessoas nos corredores e quando se mexem podem chegar a machucar demais passageiros, tamanho o peso de sua bossa. Camelos, que carregam duas bossas, e dromedários, insistem em ignorar os pedidos de campanhas do sistema metroviário que pedem que carreguem bossas e mochilas nas mãos e que tomem cuidado para não ficarem presos nas portas dos trens.
Árvore
O passageiro árvore, onde para, cria raízes, e aí nunca mais sai do lugar. O terreno favorito para seu plantio é na região das portas dos trens e na esquerda das escadas rolantes.
Abelhas
O metrô está sempre cheio de abelhas abelhudas. Não se preocupem os alérgicos à la "My Girl", essas não picam. Elas estão interessadas na vida e conversa dos outros. Ao que aquele mocinho está assistindo no tablet? O que aquele casal está discutindo? E, o mais importante para as abelhas: Que livro o passageiro ao seu lado, em sua frente ou ali do outro lado do vagão está lendo? Elas, quando sentadas, quase caem de seus bancos, quando de pés, se contorcem como circenses, tudo para descobrir o que o outro está lendo. As mais abelhudas leem junto com o passageiro do lado, e ficam bravas quando o leitor vira a página antes de ela ter terminado sua leitura.
Abelhas
O metrô está sempre cheio de abelhas abelhudas. Não se preocupem os alérgicos à la "My Girl", essas não picam. Elas estão interessadas na vida e conversa dos outros. Ao que aquele mocinho está assistindo no tablet? O que aquele casal está discutindo? E, o mais importante para as abelhas: Que livro o passageiro ao seu lado, em sua frente ou ali do outro lado do vagão está lendo? Elas, quando sentadas, quase caem de seus bancos, quando de pés, se contorcem como circenses, tudo para descobrir o que o outro está lendo. As mais abelhudas leem junto com o passageiro do lado, e ficam bravas quando o leitor vira a página antes de ela ter terminado sua leitura.
Leão
Ele é o rei da selva. Um dia seu pai disse que tudo que o sol toca seria dele. O sol tocou o metrô. E ele não respeita a ordem do montinho para entrar no trem, empurra todo mundo no Brás e quando alguém reclama, ele diz, como se os passageiros fossem todos da família do Eike: - Quer conforto vai de helicóptero!
Além disso, todos seus súditos devem se curvar a seu gosto musical e ouvir sua música. O rei não precisa de fones de ouvido.
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