Escada do Gemini em São Paulo |
São muitos os filmes de amor, é claro, mas dessa vez quero falar sobre o cinema do lado de cá, o lado ao qual gostamos de esquecer que pertencemos quando entramos no cinema. Também existe amor do lado de cá, e enquanto a tela está iluminada e a luz... apagada.
Como é gostoso ver um filme passando na televisão e lembrar-se da sala em que assistimos o tal filme. Ou quando alguém fala sobre um filme e você se lembra de com quem estava numa sala de cinema.
Eu tento guardar todos meus ingressos de cinema desde 1998, quando tinha 11 anos. Ainda não tive a coragem de contá-los e não é esse post que vai me inspirar. Não me orgulho da escolha desse filme de 98, mas me lembro exatamente de como foi: A Noiva de Chuck no shopping da Penha, estava na sexta série, era o cinema mais próximo do colégio e o filme era proibido para menores de 14 anos, se não me engano,e nós burlamos a bilheteira e ainda pagamos meia-entrada. A Amanda e eu. Primeira vez que sai sem meus pais, muita emoção, na sexta antes do carnaval, cinema vazio.Quem sabe meus pais teriam garantido um nível um pouco mais elevado de filme, já tinha visto de Aladdin e Rei Leão a Twister e Jurassic Park com eles.
1998 era um ano no qual com cinco ou seis reais você comia no McDonalds e ia ao cinema. Essa fase da escola me levou a ir ao cinema sem meus pais com frequência, pois todo fim de bimestre, após as provas, todos os alunos do colégio iam no mesmo dia infernizar os funcionários do cinema do shopping. Claro, o pessoal ia ao cinema para falar, gritar e ficar, moda do momento. Minha primeira ficada seria em setembro desse mesmo ano, durante um filme com o Hannibal Lecter mas não nesse papel...IMDB me ajuda! Ah, Instinto, e foi aí, nesse filme, naquele cinema, meu primeiro beijo.
Com o tempo o amor cresceu mais pelos filmes do que pelos beijos, e na estreia do primeiro Harry Potter eu me recusava a beijar meu namoradinho da época, porque eu queria prestar atenção ao filme. Tinha então 14 anos e fui fantasiada de aluna da Grifinória!
Desde então foram algumas mãos dadas nas salas escuras, beijos nos momentos menos interessantes (trailers e créditos), beijos roubados, mãos suadas, tentativas obcenas e, sobretudo, grandes conversas com os amigos após grandes e pequenos filmes.
E não apenas nos apaixonamos por pessoas no cinema, mas também pelos cinemas, que quando se vão deixam muita saudade. O Cine Vitrine da Augusta, onde vi Moça com Brinco de Pérolas com dois amigos durante as férias do ensino médio; o Gemini onde vivi grandes histórias em suas salas azul e vermelha e na bombonière. Ah, o Top Cine onde vi meu primeiro Truffaut (paixão a primeira vista), assim como meu primeiro Daniel Burman, e a mais recente perda, o Belas Artes. Desde o primeiro noitão de reabertura lá por 2002, quantos não foram os noitões? Meu último Wong Kar-Wai no meu lugar favorito, na última fileira, no meio, na sala 1.
E tudo isso é amor!
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