sábado, novembro 08, 2008

::My headphones saved my life::


Ontem ao Luar - Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara

Ontem ao luar
Nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste
O que era dor de uma paixão
Nada respondi
Calmo assim fiquei
Mas fitando azul do azul do céu
A lua azul e te mostrei
Mostrando a ti dos olhos meus correr senti
Uma nívea lágrima e assim te respondi
Fiquei a sorrir por ter o prazer de ver a lágrima nos olhos a sofrer
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mistér sofrer para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunto ao luar travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
pergunto ao luar do mar a canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor
Sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe o monte a beira mar ao luar
Ouve a onda sobre a areia lacrimar
Ouve o silêncio a falar da solidão
De um calado coração
A penar a derramar os prantos seus
Ouve o choro perenal a dor silente universal
E a dor maior que a dor de Deus
Se tu queres mais
Saber a fonte dos meus ais
Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração
Ouve a inquietação da melancória pulsação
Busca saber qual a razão
Porque ele vive assim tão triste a suspirar
A palpitar em desesperação
Na queima de amar de um insensível coração
Que a ninguém dirá no peito ingrato em que ele está
Mas que ao sepulcro fatalmente o levará

N - Nando Reis

E agora, o que eu vou fazer?
Se os seus lábios ainda estão molhando os lábios meus?
E as lágrimas não secaram com o sol que fez?

E agora como posso te esquecer?
Se o seu cheiro ainda está no travesseiro?
E o seu cabelo está enrolado no meu peito?

Espero que o tempo passe
Espero que a semana acabe
Pra que eu possa te ver de novo

Espero que o tempo voe
Para que você retorne
Pra que eu possa te abraçar
E te beijar
De novo

E agora, como eu passo sem te ver?
Se o seu nome está gravado no
Meu braço como um selo?
Nossos nomes que tem o n
Como um elo

E agora como posso te perder?
Se o teu corpo ainda guarda o
Meu prazer?
E o meu corpo está moldado
Com o teu?

::Sábias Palavras::


O remorso é "uma consciência com dentes para morder". (José Saramago, Ensaio sobre a cegueira)

::O que eu também não entendo::


Às vezes uma coisa me incomoda tanto dentro de mim que preciso colocar para fora, e então, escrevo. Há coisas sobre as quais nunca consegui escrever, e tenho a impressão de que é por isso que não consigo me livrar delas. Certos pensamentos parecem adquirir materialidade ao serem exteriorizados, assim como os sentimentos. Assim, a dor parece aumentar quando falamos sobre ela, como também a alegria, quando a multiplicamos, dividindo com outros.
Eu tenho histórias dentro de mim que nunca pude contar a ninguém, umas por serem bobas demais, outras por serem sérias demais, umas porque simplesmente não saem por mais que eu abra a boca ou segure a caneta com força, outras porque, talvez, por mais que eu tenha medo de admitir, eu não quero me perder delas. A materialização dos pensamentos também faz com que eles adquiram vida própria, e nunca se sabe até onde eles vão.
Certos acontecimentos eu jamais serei capaz de narrar, certas atitudes não têm uma explicação capaz de ser encerrada em palavras, mas talvez eu é que seja a péssima contadora de histórias. Nem toda história é inventada, existem as estórias e as histórias e, por mais que eu tente, de mim só saem histórias. Qualquer ficção banal acaba contaminada por alguma experiência minha, mas tudo bem, se não me engano foi o Amós Oz que disse certa vez que é impossível ser diferente. Vai saber... eu não sei disfarçar, eu não sei enganar.