sábado, novembro 28, 2009

Jours 52-88 : evitando a contagem regressiva

    A vida a Paris deixou nesse último mês de ser turística para se tornar realmente uma vida de hábitos e rotina, o que de certa forma é bom porque é uma vivência como outras, e é triste, porque sempre há algo muito precioso que escapa quando estamos na rotina: a surpresa. Mas mesmo esse lado negativo teve, enfim, seu lado positivo, me despertar para o fato de que a rotina não pode ser medíocre só porque estou em Paris, que ela também deve ser evitada quando voltar a São Paulo, porque a vida é curta a Paris, a S.Paulo, não importa onde, e tenho que me permitir a surpresa não importa onde.
    A rotina chegou quando a coisa apertou na faculdade, é claro. Uma turista não tem trabalhos a entregar,livros para ler. Esse mês tive uma dissertação e um comentário de texto para fazer, antes das férias tenho duas provas e depois das férias devo entregar outra dissertação e uma "minimemoire". Isso faz com que os dias que antes eram de passeios por Paris acabem sendo consacrados à bibliotecas, e noites a fio acordada em casa. Mas mesmo ir à biblioteca é diferente, primeiro porque elas são muito bonitas,segundo porque aqui toda a dinâmica delas é diferente. As pessoas fazem fila, num domingo, para entrar na biblioteca, onde não há mais lugar para sentar. Eu fiquei chocada com isso. A biblioteca da Sorbonne é belíssima, Sainte Geneviève tem uma aura incrível, nas duas eu não sei se estudo ou se olho a pintura, na primeira, arquitetura na segunda. Tem a de domingo, porque é a única que fica aberta, a Beaubourg no Centre Pompidou, super imensa e "moderna", parece um shopping, tem escada rolante, espaço para comer, mas também é agradável e super clara, porque é toda cercada de vidros.
   Ainda acho que estudo pouco aqui,que poderia estudar mais, mas espero poder atingir a nota média, necessária para ser aprovada, um esforço que me dê 2 ou 4 pontos a mais eu prefiro, sinceramente, gastar em alguma coisa que eu sei que não poderei fazer fora de Paris. Porém mesmo assim adquiri uma consciência maior sobre os estudos com a cultura francesa, mudei minha visão sobre muitas coisas e tenho certeza que isso vai me trazer muitas coisas boas de volta em casa.
   Não sei se escrevo ou não sobre toda a angústia que tomou parte de mim há alguns dias, a dor da partida inevitável e tudo isso. Não sei se quero escrever sobre isso agora, depois que decidi virar um pouco a situação para olhá-la de uma maneira mais positiva e menos triste. Tento ser menos desesperada com a ideia de "preciso ver tudo,preciso absorver tudo,não há tempo" e prefiro respirar fundo o que está ao meu alcance, e, sobretudo, aproveitar também as pessoas que me são próximas aqui e que tenho certeza de que vão deixar uma saudade imensa. É meio besta pensar que Jelena e Zoé poderiam ser minhas amigas para o resto da vida e isso não vai acontecer, mesmo se dissemos a nós mesmas que haverá um reencontro (uma travessia da rota 66 nos EUA).
 
    Nas primeiras semanas, até por mais tempo do que devia, eu, como muito avarenta que sou,economizava em tudo (ainda faço isso),mas também em comida. Como a força das circunstâncias se impuseram fortemente, eu decidi comer tudo que eu visse e tivesse vontade. Assim, comi já não sei quantos tipos diferentes de pão e patisserias diversas, tortas, bolos etc. Comi escargot e pato. Ainda faltam as ostras da Bretanha e o coelho. Crepes sempre que dá vontade e guloseimas. Assim, agora posso dizer, contra o que afirmava antes: há uma verdadeira razão para a França ser considerada a terra da boa comida. Porque a comida aqui é REALMENTE MUITO BOA. Tudo aqui se faz com paixão quando o assunto é comida. O padeiro é um artista, é uma vocação. Fui a uma padaria em Le Havre e quase tive um treco. Como muitas aqui, era gerida por uma família de tradição de padeiros, e havia todo tipo de pão e patisseria, e ainda por cima, nada cara.Macarons sem dó, é verdade que não do Pierre Hermé,mas achei alguns que rivalizam muito bem. Essa semana, inclusive, descobri ao acaso uma lojinha "desde 1925", cheia de coisas boas, uma bomboniere de deixar criança louca e matar diabético, e lá tem macarons "à l'ancienne" que são quase orgásmicos, a partir da primeira mordida o cheiro é inacreditável, e a textura é a perfeição mesma.
   Essas coisas que acontecem ao acaso é que devo continuar a me permitir, não ter pressa, não me engessar, e assim Paris se revela a cada dia em toda sua magia, mesmo a mais simples.


   No fim de outubro as tias do Renan estavam em Paris e numa sexta à noite nos encontramos, no fim fomos jantar juntas e foi genial. O lugar era super simpático e o papo inteligente, fazia tempo que não falava português durante muito tempo,e mesmo se não dou muita importância para isso, às vezes é bom, porque muitas vezes me sinto menos inteligente "em francês". Depois disso foi o final de semana da Sorbonnales, uma festa para os estudantes da Paris IV,mas precedida por uma competição, na qual minha equipe (Filosofia, 6 pessoas, das quais 1 professor, 3 estrangeiras e duas francesas) ficou em segundo lugar, ganhando muitas coisas fofas e um ingresso para a Comédie Française para ver uma peça de Shakespeare em dezembro. Foi quando Lucas chegou, fazia já 4 anos que não nos víamos, mas como Le Havre é muito mais perto de Paris do que Fortaleza de S.Paulo, foi preciso atravessar um oceano para nos unirmos mais uma vez. Ele ficou em Paris por 4 dias e no quinto foi minha vez de visitá-lo.
 
    Normandie: primeira vez que vi o sol se pôr no mar. Uma das duas coisas que queria ver imperativamente durante essa viagem, a outra é neve, e que ela não tarde. Le Havre, apesar de toda má propaganda que o Luke fez, se revelou muito simpática com uma praia linda, de pedras brancas. Cidade destruída pela guerra foi reconstruída durante os anos 50. Não gosto da arquitetura de lá,mas tudo bem. O teatro da cidade foi desenhado por nada mais nada menos que Niemeyer. Podem me chamar do que quiser, mas ao meu ver sua missão é enfeiar o mundo com grandes coisas brancas que parecem saídas de um filme B de ficção científica. De lá fizemos passeios em Honfleur, a cidade dos impressionistas, e Etretat, a cidade das falésias. Honfleur é simpática,o marché é super tradicional mas é mais histórica do que bela, à diferença de Etretat, com a praia maravilhosa, e o sobe e desce das falésias. Como subi e desci,nossa. No último dia, antes de voltar a Paris, fomos a Giverny, com uma parada de 30minutos em Rouen. Nem deu tempo de ir na praça onde Joana D'Arc foi queimada, mas vimos o relógio e a igreja que Monet pintou certa vez. O interesse de Giverny é o jardim de Monet, e sua famosa ponte japonesa. Mas com uma baita chuva e um baita vento, não estava lá essas coisas. Fomos no último dia de visitação antes de fecharem, e só abrem de novo em abril, entendo bem o porquê, afinal é meio frustrante ir até lá e descobrir as ninféas escondidas pelas folhas de outono que ocupam todo o lago.
   Quando voltei ainda tive tempo de aproveitar a última horinha do primeiro domingo do mês para ir ao Pantheon. Nada impressionada pelo descanso eterno de Rousseau e Voltaire (querem agora colocar Camus lá também), gostei mesmo é do pêndulo de Foucaut, que me fez lembrar das aulas de física, eu sempre pensava o quão grande ele seria quando o professor dizia que era necessário que fosse grande. É grande.
   Passeando a fio pela região que chamam de Chinatown em Paris (mas que não lembra em nada a Liberdade e onde há sobretudo restaurantes), resolvi entrar num mercado chinês, Tang Frères, para ver o que havia. E qual não é a minha surpresa ao achar...feijão! Não o branco, não o vermelho, o brasileiro do dia-a-dia, o rajadinho. Ai que alegria. E também um docinho de tamarindo com pimenta, super duper.

   La triste histoire du cafe bresilien - Meu café Três Corações Extra Forte acabou. Devia ter trazido mais, porque o café de um preço aceitável aqui é completamente inexpressivo, fraco e tem um gosto super estranho, fora que é preciso colocar bastante pó para fazer um cafezinho. Dommage.

   Quoi de plus? Macarons, campeonato de esgrima, visita maluca a IKEA (eu quero morar na França e mobiliar minha casa com IKEA), brunchs e mais brunchs no bandejão no domingo de manhã (ai, mto Sex and the City), barco pelo rio Sena (com o "bilhete único"), visitar um metro "de verdade",se é que isso existe.... Festa de 20 anos da queda do Muro de Berlim na Place de la Concorde seguida de visita a Torre Eiffel e dança diante da torre, definida por Jelena como um dos itens da lista de "coisas para fazer antes de morrer" (mesmo se detesto esse tipo de livro, que me despertam uma angústia de viver), gelatto italiano de morango muito bom mas que ainda dá vontade de ir a uma das lojas da Hagen Dazs.  Encontro dos habitantes da residência no Hide Out, festival de cinema franco-coreano, o melhor crèpe salgado da história no capricho.
   Versailles! Finalmente a entrada triunfal pensando em Ceremony do New Order, é o cinema mexeu muito com a minha cabeça. Gostei muito mais do jardim do que do palácio, onde a coisa mais interessante é a porta encondidinha por onde Marie Antoinette tentou se escapulir da gilhotina. O jardim é gigantesco, andamos muito para ir ao domínio de M.A., onde há o Trianon, realmente lindo. Essa visita foi com Zoé e uma de suas irmãs gêmeas (elas são três), Adèle.
   Duas visitas magnificas com comidas idem à casa de Elsa, como uma à casa de Sebastien, também com comida idem, meus queridos alsacianos. Decidi por passar o Natal com a família de Zoé justamente na Alsace, e isso me parece um ótimo plano. Visita à Catedral de Saint Denis, muito mais do que eu esperava da primeira construção gótica da história. Café Deux Magots, o café existencialista, com Filip, meu amigo polonês que faz curso de árabe. Balé contemporâneo na belíssima Opera Garnier, museu de ciências e indústria no Parque da Vilette e conhecer um marroquino que tocava um instrumento egípcio muito hipnotizante, pizza com Han, uma nova amiga chinesa (Jacy, Cris,pas de souci). Uma tentativa frustrada de uma boa soirée na ponta da Ile-de-la-Cité interrompida quando uns caras mal encarados  que chegaram a mim e Jelena para dizer "vocês têm medo?", pode parecer engraçado,mas entramos em pânico. Um patê de tudo quanto é parte do porco que não é completamente ruim mas que cheira tão mal que não quero mais comer, e a descoberta obrigatória de novos doces na padaria mais próxima da gula.
  
   Salão do vinho de Paris. Devo dizer que se antes me interessava pelo vinho de maneira mais ou menos inofensiva, agora, depois de escutar nomes de vinhos e uvas a perder a conta, quero mais é me tornar enóloga. Há duas semanas fui numa degustação do Beaujolais nouveau, convidada pela Parismus. Hoje fui ao Salão do vinho de Paris, convidada por Christian, um amigo mexicano do CouchSurfing. Em três horas não demos conta nem de um quarto da expo, e nem degustei muitos vinhos tintos, tentei alguns chardonnays e o mítico (falo que os filmes mexem com minha vida, tudo por causa de Sideways) pinot em suas versões gris e blanc, mas ficamos, Noelle e eu, no Montbazillac e sua família, Cadillac, Sauternes, Loupiac, brancos licorosos da região de Aquitaine. O que mais dizer...sem comentários sobre os vinhos franceses, pas besoin.

sexta-feira, outubro 23, 2009

Jours 36 - 51 (mais fácil seguir as fotos...)

A primeira semana de aulas se passou muito bem, um professor meio enrolão num dos TDs (trabalho dirigido, cd matéria tem essa matéria anexa),mas de resto os professores me parecem muito competentes e mesmo simpáticos. Na sexta dia 9 fui ver O Avarento (L'avare) de Molière na Comédie Française, o teatro mais importante da França, creio eu. O teatro em si é genial, a Sala Richelieu, lindíssima e confortável, o espetáculo então, de tirar o fôlego. No começo foi um pouco difícil entender,mas depois peguei o jeito, por ser um francês diferente do que estou acostumada,é meio complicado.
No sábado em seguida resolvi ir na Feira de Livros Antigos e Usados de Paris, no parque Georges Brassens, que, eu não sabia, era um cantor francês muito querido. Por essas coisas estranhas do destino que vivem me acontecendo em Paris estava tendo uma festa lá em homenagem ao cantor, então pude ouvir algumas músicas e desfrutar do parque de maneira mais especial, inclusive havia uma fanfarra de lycée (o ensino médio daqui) que tocava músicas muito divertidas, dançando e com roupas coloridas, bem diferente da nossa idéia de fanfarra, que, ao meu ver, não evoluiu desde os tempos de Getúlio... Comprei um super pesado e lindo livro sobre cinema por um preço ainda mais super que camarada e saí feliz para passear mais pelo sul de Paris e depois ir, finalmente, a Pierre Hermé, experimentar O macarron.O macarron é a melhor coisa que o ser humano inventou, ok, ok, tem também o bolo, o chocolate, a geléia, o pão, ah, e também a penicilina. Mas O MACARRON do Pierre Hermé de maracujá com chocolate e o de rosas, valeram cada centime!
À noite fizemos por aqui uma soirée com muita comida. Zoé fez crepes de sobremesa (me esbaldei no crepe com Nutella e com confiture), Kioungmi fez um prato coreano delicioso, Soo-ok escolheu um ótimo vinho e eu fiz guacamole sem coentro porque não achei de jeito nenhum isso por aqui =(  Mesmo assim as filles adoraram. Jelena e Noelle juntaram-se a nós e ouvimos muita música, dançando ao som de Spice Girls e It's raining man.
No domingo fui à central de gestão da linha A do RER com o Jean Philippe pela manhã e depois visitamos a Galerie Lafayette...mon dieu, quanta coisa linda. Já tinha ido na Printemps, ver as roupas estilo Sex and the City na sua frente, é lindo. Pena que esse tipo de arte (porque moda É arte) é explorado de maneira extremamente superficial, não reclamo que seja caro, ça va, quadros e esculturas são caras, são peças únicas, objetos de design a gente paga pela idéia, e não pela utilidade, mas o problema é como ela é encarada, triste fim de um sapato Manolo Blanick, ir parar em pés ricos que não compreendem o esforço criador... Depois disso voltei a Montmartre para festa de Vendanges, para a qual não fui suficientemente preparada (meaning:com dinheiro e paciência) e acabei adquirindo somente 4 salames artesanais saborosos, não sabia que teria tanta coisa à venda, desde vinhos de cada região da França, até escargot. Fui com uma garota belga que conheci no curso de francês, que já começou a se revelar um pouco menos simpática e agora nem nos falamos mais, on a coupé le pont! Acho que ela não entende um estrangeiro, é claro que fazemos comparações a todo momento, é natural, pra melhor ou pra pior, é natural, mas ela perdia a paciência comigo e, mais do que eu mesma, achava sempre que estava certa, até quando explicava para Jinlee (uma garota coreana amiga nossa) porque o Brasil mandou soldados para Itália durante a II GM, ela queria apresentar razões muito absurdas e falando que eu estava errada, mas catzo, é meu país né, eu é que sei...
Durante a semana foi o sofrimento de achar um sapato, uma bota, algo impermeável, bonito, confortável e barato. Fui à Place de la Republique, onde há uma rua só com lojas de sapato e não achei nada, botas femininas muito bonitas,mas de salto e não muito práticas. Remarque: todo mundo aqui usa salto alto, pra ir na faculdade, na igreja, no mercado, toda mulher se veste super bem e usa salto, faça chuva faça sol. A história acabou na quinta dia 15, quando comprei uma bota lindíssima da Timberland em Clignancourt, super linda, longa, e que se revelou desconfortável depois, a novela fechou mesmo foi é na sexta, quando troquei por uma bota de caminhada mesmo, mais barata um pouco, na mesma loja, da Caterpilar, com a qual estou muito satisfeita agora.
Nessas caminhadas acabei encontrando, muito por acaso, o lugar onde os irmãos Lumières fizeram a primeira projeção de cinema da história, fiquei toda emocionada diante do prédio, imaginem, a primeira vez que o mundo viu o cinema!
No sábado dia 17 fui ao Jardin de Luxembourg, debaixo de uma baita chuva, encontrar um francês super simpático (e,confesso, muito lindo) que conheci no CouchSurfing e que quer aprender português, empenhado, chegou mesmo com um caderninho, dicionário e caneta. Ganhamos no jardim um vaso de flor, que anima minha casa, tomando frio na janela e dormindo quentinho na mesa, uma flor que se chama "pensamento" aqui, um apelido.
No domingo 18 acordei cedo e peguei a sessão das 9h no cinema do Forum des Halles com a Jinlee para ver Thirst, um filme coreano do mesmo diretor de Oldboy, interessante, reinventando o cinema de vampiro, não conto mais. Depois fomos encontrar com Kyoungmi, Jelena e Zoé para o brunch do CROUS, isso mesmo, o bandejão tem um brunch E, isso mesmo, até os franceses aderiram ao brunch. Por 2,90euros comemos até dizer chega, cereal, queijo, presunto, omelete, batata, croissant, pão, suco, leite...uffa. E tudo super gostoso. Não consegui nem jantar depois. No fim da tarde fui com Jelena e Noelle ver Acossado na Cinematèque (tem lugar mais mítico para ver esse filme mítico?). As meninas não gostaram, mas eu amei o momento, tudo foi lindo e perfeito. "C'est vraiment dégueulasse".
Na segunda fui no quizz do Couchsurfing num pub, já tinha ido uma vez e dessa vez foi ainda mais divertido, mesmo que a equipe em que estava não tenha preenchido quase nada do quizz, nos divertimos muito.
Na terça eu me dei conta de que a família para qual trabalho mora do lado de Montmartre,então antes de buscar as crianças na escola fui no Cemitério de Montmartre "visitar" François Truffaut. Há várias figuras ilustres lá, e tumbas cheias de fru-fru,como a de Dumas que é um absurdo. Achei o cemitério maos parecido com o da Consolação,mais amontoado, porque o de Montparnasse era tudo muito grande. Ainda resta Père Lachaise...Jim Morrinson. Zueira, Piaf e Wilde.
Com as aulas começadas fica mais difícil passear, mas eu recebi finalmente meu Vélib então cada vez que ponho o pé para fora de casa tenho vontade de andar de bicicleta, nem que seja por 200m. Ontem fui com a Zoé na Tour Eiffel às 23h, aniversário de 120 anos da torre, e quando chegamos lá começou a cair o mundo e a festa já tinha acabado, valeu pelo passeio de bicicleta à noite, a vista, a dança na calçada cantando "I sing in the rain, just singing in the rain...". Nessas horas minha super duper capa rosa que chama super atenção por Paris me salva!
Aliás, como tem chovido por aqui, parece São Paulo, e agora o boletim do tempo:
Brincadeira, mas até que saiu um solzinho faz 10 minutos. Vou tomar um café com as tias do Renan que chegaram em Paris. Por falar em café, café noisette é só café com leite, triste,eu achei que tinha alguma coisa a ver com nozes, mas ontem comprei um baguete como nozes maravilhosa, e ganhei um pão au chocolat da Noelle.
Noelle, super fofa, sempre me dá coisas gostosas, chocolates, pão, e quando cozinhamos trocamos um pouco de comida. Agora ela comprou uma máquina de fazer arroz e está super feliz.
Como eu escrevi "super" nesse post. Próximo post: hiper!

Allez, au revoir.

terça-feira, outubro 06, 2009

Jours 9 - 35 (cada dia mais difícil escrever)

Bom, de fato o Louvre não é de graça às sextas-feiras, só é mais barato depois das 18h pq fica aberto até mais tarde,mas nem compensa economizar 3euros e ficar um dia inteiro a menos, por isso acabei não indo naquela sexta e fui no último domingo, dia 4, primeiro domingo do mês, quando quase todos os museus de Paris são gratuitos. Naquela sexta dei uma volta em torno do Louvre e conheci o Jardin de Tuillleries, hoje acho que já passei por lá umas 4 vezes. É engraçado como depois de um mês certas coisas já foram vistas tantas vezes...
No dia 12 fui pela primeira vez no cinema em Paris, ver Anticrito do Lars von Trier com a Noelle no Nouveau Latina, um cinema no centro, perto do Centre Pompidou. Achei o filme um tanto quanto chocante, com cenas desnecessárias, e sim, com um certo machismo que pode ser discutido. Amei mesmo o ambiente do cinema, uma coisa bem cinéfila, cinema de duas salas pequenas, muitos cartazes, rua simpática. Como o filme era na hora do almoço, depois à tarde fui de novo ao Parque de Bercy, dessa vez acompanhada, com Jelena e Kyoungimi. No dia seguinte foi dia de voltar a Bercy pois todo domingo o meseu do cinema, dentro da Cinemateca, é gratuito. Hoje, mesmo já tendo visitado o Louvre e o Musée d'Orsay, não digo que o Museu do Cinema seja o melhor, mas foi o que mais me interessou, no qual me senti melhor e mais emocionada, experiência realmente mágica. Depois do museu ainda fiz minha carteirinha de CinEtudiant, que confesso que ainda não usei,mas sei que nos próximos 15 dias pretendo usar muito, pois é o fim do festival da Nouvelle Vague e pretendo ver muitos filmes, e sei que preciso ir à biblioteca estudar um pouco...
Arco do Triunfo, Avenue Champs Elysee (antigo QG da Cahiers du Cinéma), Grand e Petit Palais, Invalides, Bvd Haussman, segunda ida ao cinema (no Le Balzac para ver o novo filme de Jacques Rivette "36 vues du Pic Saint Loup"),  Passagens, Bolsa de Paris, Biblioteca Nacional (antiga e nova), sem esquecer as idas aos bandejões, Ópera Garnier (só por fora, ainda planejando a forma mais barata de ver algo lá dentro), Les Halles, pontes e mais pontes, terceira ida ao cinema (La Pagode, cinema lendário de Paris, para ver o novo filme de Honoré, "Non ma fille, tu n'iras pas danser"), visita guiada por Paris, conheci assim uma brasileira do CS de Curitiba, Gláucia, visita de Oliver a Paris (uma das melhores coisas que já aconteceram aqui, amigos, quem quiser, venha me ver!), coral surpresa na Notre Dame, segunda e terceira idas à Sacre Cour de Montmartre, filas e mais filas para a Journee du Patrimoine e no fim só ver a casa (mto sem graça) do presidente, pelo menos com o Linus, o Nabil, a Zoe e a Jelena, o tão comentado frango assado (caro, gostoso e divertido), o primeiro de muitos crèpes de Nutella, castelo de Vincennes, subir e descer, subir e descer escadas dos metrôs de Paris, a descoberta do creme de marrons, Gare de l'Est (procurando pela cena de Amélie, e não achei), achei pelo menos a cena de fuga do Pierrot,le Fou do Godard, flores e insetos desconhecidos, pernilongos imensos em casa, Shakespeare&Co., parque Buttes Chaumont (de dia e depois de noite durante a Nuit Blanche), frutas novas, tentando aprender o nome dos legumes, verduras e frutas, quarta ida ao cinema, do lado de casa no Epee de Bois para ver o novo filme de Woody Alllen "Whatever Works", uma grande decepção mas era para desestressar depois da visita pela confirmação do visto, que pelo menos finalmente saiu, muro do Je t'aime em Montmartre, com 'je t'aime' escrito em mais de 300 línguas, dentre as pontes, Pont des Arts, final de Sex and  the City, e Pont de Bercy do nojento filme Ultimo Tango em Paris, picnic no Champs de Mars com as meninas num encontro do Parismus da Paris IV, jogos de xadrez com Zoé, éclairs e divorces (doces estilo carolinas).
Viagem para fora de Paris: Dijon e Flavigny-sur-Ozerain. Uma das melhores coisas que poderia ter feito na vida. Peguei o trem numa terça de Paris à Dijon, passei a tarde em Dijon, dormi na casa de um casal CouchSurfer super simpáticos e na quarta super cedo peguei um trem a Venarey-les-Laumes, de lá peguei um ônibus para fazer os 3 primeiros km e depois fiz outros 5km de subida à pé até Flavigny, um caminho mágico entre a neblina até uma cidadezinha medieval com pouca gente e muita simpatia, muito calor. A cidade do bonbon de anis (bonbon em francês é bala), o doce mais antigo da França segundo alguns, desde o século XI, que leva atualmente 15 dias para ficar pronto e é maravilhoso. Do alto da cidade era possível ver o vale com suas vaquinhas pastando e alguns vinhedos, em torno das portas das casas havia parreiras repletas de uvas e ao longo dos muros que cercavam a cidade havia diversas árvores das mais diversas frutas. No almoço conheci um senhor que me ofereceu uma carona até a estação de trem no fim da tarde, e quando fui procurá-lo depois de comer, a senhora dona do ateliê (sim, um atliê de arte, uma pintora) onde ele trabalhava, me convidou a seu jardim com vista para o vale, onde tirei uma longa soneca, e depois para um chá com bolos de maçãs com suas colegas pintoras num lindo sótão. TUDO MÁGICO.Mas voltar à Paris ainda assim foi bom, foi engraçada a sensação de descer a rue Tournefort, depois de uma breve viagem de dois dias, é estranho voltar para o lugar onde é agora minha casa, pensar que é aqui que moro agora...
Depois de um mês fazer a primeira lavagem de roupa, em duas lavagens, claro, os lençóis, as toalhas, as roupas, as calças jeans. No último sábado foi dia de ir à Nuit Blanche, espécie de Virada Cultural que São Paulo copiou e, devo dizer, melhorou, não pela organização ou segurança, mas pela diversidade de coisas oferecidas, que a Paris não são muitas, o que resultou em filas como as da Journee du Patrimoine.
Fim das "férias" e fim do calor, começo das aulas, começo do resfriado: após a noite mais fria que enfrentei aqui desde quando cheguei, durante a Nuit Blanche, no último fim de semana, desenvolvi um resfriado super, com direito a dor de garganta e nariz escorrendo, agora não posso mais usar minhas Havaianas porque já faz praticamente uma semana que não faz calor, e nesa segunda, dia 5, acabou a moleza, começam as aulas. No sábado à tarde eu ainda fui no Musée d'Orsay, ver Van Gogh, Monet, Manet, "l'origine du monde" de Courbet, Rodin e muitos outros emocionantes, depois de 3 horas, Zoé (que estuda história da arte) e eu não tinhamos visto nem um andar por inteiro. Na Nuit Blanche conseguimos entrar na Grande Mesquita de Paris, maravilhosa, incrível, lindíssima, e no domingo fui com Jelena no Louvre, onde conseguimos ver mais coisas, e mesmo o "show de rock" que é para ver de perto a Giocconda que, confesso baixinho, não tem nada demais! Fiquei mais impressionada com outros quadros, e com o ambiente do Louvre mesmo, que é por si só um obra de arte.
Ontem fui no Quizz do encontro semanal do CS de Paris, super divertido, depois de passar o dia debaixo de chuva e atrás de burocracias estúpidas,mas pelo menos começaram as aulas de esgrima, sim, esgrima, resolvi abraçar essa oportunidade única de pelo menos por um semestre fazer esgrima fleuret aqui em Paris pela universidade, e a primeira aula foi super duper, super quente, super claustrofóbico dentro daquela máscara e gripada, mas duper bonito, en gard.
Hoje foi meu primeiro curso, mas um peguei como de ouvinte, de história da arte, que pareceu difícil ainda que interessante, amanhã é que começa o curso de master 1 de filosofia da arte.

Cinema: estávamos andando na região da Bastille, a Noelle, o Oliver e eu e descobrimos que os franceses ficam sentados nos cafés de Paris como que num cinema, todos olhando para a mesma direção - a rua...eles não olham para quem está com eles na mesa, eles olham todos para a rua, como se essa fosse uma grande tela de cinema.

Porque os parisienses são magros: não é necessário ler um livro de pseudo auto ajuda para descobrir. Apesar de comerem baguetes, com a quantidade de escadas que há no metrô de Paris, é fácil manter a forma por aqui, DE VERDADE!

Les enfants: tirando os dois lindo meninos dos quais tomo conta aqui, para os quais sou uma garota normal, uma "nounou" (babá) como outra, é incrível como as crianças daqui gostam de mim, na rua elas riem e sorriem para mim, brincam comigo no metrô, talvez seja verdade que as crianças vejam e sintam coisas que os adultos não sente, talvez elas saibam que aqui sou muito feliz.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Jours 4,5,6,7,8 e 9

    A ideia de escrever um diário, e mesmo a de manter o blog sempre atualizado, já foi por água abaixo. Aqui os dias são longos (por enquanto), e eu estou muito animada (creio que isso não vai mudar), então tenho o que fazer o dia todo, se tiver de escolher entre parar para escrever o que estou vivendo e sair de casa para viver, preferirei sempre a segunda opção. É assim que tem sido.
    Sábado eu acordei bem tarde, confesso, quase meio dia, mas foi bom para descansar. Fui ao mercado fazer umas comprinhas simples e necessárias, como papel higiênico, leite, macarrão (e por isso tive que comprar o óleo para cozinhá-lo), molho, pão, manteiga e géleia, e precisava de frutas, então escolhi dois tipos diferentes de ameixa que nunca vi, uma se chama myrabelle, amarela, e a outra, roxa, é a ameixa clássica, da qual era feita a sopa da babá do Doug :) Confesso que errei na escolha da géleia, não o sabor, groselha, mas a marca mesmo, muito mole, sem pedaços de frutas (mãe, ainda não vi St.Daufort aqui, acredita?). Depois disso resolvi que era hora de ir à Cinemateca, escolhi ir de ônibus porque se pode ver mais coisa do que de metrô, sempre que posso pego ônibus,mas aqui é bem complicado, há muitas linhas que cruzam a cidade meio que em linha reta. Fui andando até a Gare de Auterlitz para pegar o ônibus, passando pela Mesquita de Paris, realmente muito bonita.
    Quando cheguei à Bercy tive um choque. Tudo lá é muito bonito, e eu não sabia que era do outro lado da biblioteca nacional nem que a passarela Simone de Beauvoir ficava lá, por cima do Sena (da Sena, na verdade,hehe), ligando Bercy à Biblioteca François Mitterand. Donc, eu fui passear pelo parque, lá há um jardim cheio de flores, legumes e frutas com os nomes de tudo, atravessei a ponte, passeei pela pátio da biblioteca (quatro prédios em formato de livros abertos), e escutei um tango vindo de longe, era um casal ensaiando embaixo da ponte, onde há uns espaços suspensos. A cena inusitada foi realmente linda e me emocionou. Tinha um encontro com o Nabil mais tarde no Hôtel de Ville, então não pude ficar muito tempo por lá. Descobri as ruas com nomes de diretores de cinema, olhei de fora a Cinemateca, mas... na hora de entrar...não pude. Vindo do Parc de Bercy há um carrossel antes da entrada da Cinemateca, passei por ele, e lágrimas vieram aos meus olhos (isso agora está mais comum aqui,mas desta vez foram muitas), senti meu coração disparar, e resolvi não entrar. Domingo que vem eu vou, sem frescura, porque pela manhã o Museu do Cinema é gratuito.
   Peguei um bus (com biquinho) mas não sabia ir até lá só assim, então pela primeira vez peguei o metrô, na Gare de Lyon, imensa, onde eu me perdi completamente várias vezes. O metrô daqui, parêntesis para falar disso, não é rápido, não é limpo, mas é divertido, você vê o esgoto vazando em algumas estações, não tem muito lugar para ficar em pé no vagão, mas mesmo assim, há sempre alguém que canta (mal!) ou que toca alguma coisa (amei o cara do acordeon). Então encontrei o Nabil, Linus e Florence na Hotel de Ville e fomos ao Marais, um bairro muito legal, cheio de gente, mas menos afetado que aqui perto da rue Moufettard. Fomos a um bar que se chamava Etoile Manquant, algo como estrela que falta, estrela faltante, e resolvi experimentar pastis, uma bebida típica do sul da França, feita de anis, realmente muito forte, que misturamos com água. Passeamos um pouco pelo bairro e voltamos à pé, realmente agradável.
    No domingo acordei realmente cedo, porque queria ir na feira aqui perto dar uma olhada. Comprei e experimentei pela primeira vez groselhas, myrtilles (blueberry) e framboesas amarelas. Na hora do almoço fui ao Cassoulet do CouchSurfing na Arena de Lutèce, um antigo anfiteatro romano, maravilhoso, onde o pessoal joga futebol e pétanque (uma bocha que todo mundo joga, não só o pessoal da terceira idade). Cassoulet é algo maravilhoso, uma "feijoada" francesa, com carne de porco também, e feijão branco. Com mais de 100 pessoas seria impossível ficar sozinha, e conversei muito com dois franceses, uma italiana e um holandês, todos muito simpáticos. Uma delícia. Até queria jogar pétanque, mas erao primeiro domingo do mês e vários museus são gratuitos nesse dia, então escolhi o que fechava mais tarde e fui ao Centro Pompidou. No caminho resolvi pegar ruas novas e encontrei nada mais nada menos, sem querer, a casa em que ficava Descartes em Paris! Eu estou viciada nessas placas de prédios e muros daqui, e cada dia descubro uma nova que tem uma história emocionante, gente que foi fusilada naquele local pela liberação da França dos nazistas na Segunda Guerra e coisa do tipo.
    Lá no Pompidou havia uma exposição feminista que não tive tempo de ver porque fui direto para o andar da coleção de arte moderna. Choque! Rothko, Modigliani, Duchamp, Picasso, Matisse, fotos de Diane Airbus, meu querido Calder, e muito mais, tudo ali, diante de mim. Fora as paredes de vidro do quinto andar do Centro, ao pôr do sol de Paris, de onde se podia ver a cidade toda.
    Segunda feira não foi feriado aqui, começaram minhas aulas de francês. Várias nacionalidades na sala, mas até hoje ninguém que não se conhece falou muito, o que é uma pena, talvez porque todos estejam com sono, porque as aulas começam às 8h, e eu, que moro do lado, acordo às 7h, imagine quem mora longe. E finalmente nesse dia fui à Torre Eiffel. E dessa vez há fotos de mim, porque fui com Noelle, minha companheira de quarto. Até então a maioria das minhas fotos eram apenas dos lugares, pouco turista, eu diria, hehe, porque não havia ninguém para tirá-las para mim. Se bem que hoje, em Montmartre, um moça viu eu tentando tirar uma foto de mim mesma com a Sacre Coeur ao fundo, e se ofereceu para tirar uma foto minha. Ah, e o mais bizarro aqui, é que quando as pessoas pensam que você é turista, começam a falar em inglês com você, e aí eu continuo falando francês, até porque várias pessoas me disseram aqui que eu falo bem o francês, e isso me deixa muito feliz.
    Ontem a dona da padaria aqui perto, uma padaria muito boa, artesanal,  nos (a mim e a Noelle) deu um livrinho sobre a arte de fazer pão na França, com muita coisa, e mesmo mapas das regiões da França, e disse que era um presente porque nós falávamos bem o francês e assim podemos aprender palavras novas. Ainda bem, porque quando vou à padaria não sei o que significa nada. E hoje a dona da fotocopiadora aqui do lado disse que eu digo Merci de um jeito bonito ;)
   A Torre Eiffel, ah, ela é linda, imensa, maravilhosa! Mas como muitas coisas aqui, há sensações que não consigo descrever. Eu ia dizer que não se podem descrever, mas se podem sim, mas talvez eu não seja muito capaz de descrever. Só queria que as pessoas que talvez leiam esse blog, que estejam pensando em mim aí no Brasil, saibam que eu estou muito feliz, como nunca havia sido antes, é uma coisa magnífica!
   Por falar em Brasil, hoje na frente da Sacre Coeur havia um grupo jogando capoeira, e no parque de Bercy também havia. Eles jogam, tocam berimbau e passam o chapéu, é claro. Também encontrei dois ou três restaurantes brasileiros por aqui, todos muito caros, como por exemplo mandioca com picadinho por 15 euros. Haha, como isso por 5 reais no Brasil! Bom, também, é só lembrar quanto pagamos no cassoulet aí no Brasil também, aqui vende na lata até.
   Na terça foi dia de burocracia, ir na Cité Universitaire validar meu visto. Valeu a viagem porque lá é tudo muito bonito. Depois disso fui com Noelle ao cemitério de Montparnasse visitar alguns túmulos, e o primeiro foi o de Sartre com Simone de Beauvoir. Havia dois vasos de fortunas vermelhas sobre o túmulo, um desenho de um bonsai escrito Sartre e Simone em coreano (Noelle leu para mim) e um desenho MUITO fiel dos dois, escrito embaixo "O existencialismo é um humanismo", em português mesmo, bem assim, o nome de uma palestra que Sartre deu certa vez, e, é claro, muitos bilhetes de metrô com mensagens escritas e segurados por pedras. Eu deixei um bilhete também, mas não de metrô, porque já uso o cartão, então um recado num papel normal.     
    Após o passeio meio mórbido fui encontrar o Nabil no Jussieu e passeamos pelo boulevard Saint Martin, quando nos separamos acabei indo até a Notre Dame, que ainda não tinha visto,mas não entrei, espero ir no concerto de órgão domingo à tarde. Mas por fora e em volta ela é realmente linda, e foi de chorar, de novo, estar no marco zero da França, em frente a catedral.
    Ontem a Jelena chegou a Paris, após o curso de francês fui buscá-la com Kioungmi no ponto de ônibus para ajudá-la com as malas, depois fomos ao CROUS e finalmente voltamos ao Concordia, nossa residência. A noite nos juntamos para uma pequena reunião, Noelle, Kioungmi, Suok (não sei como escrever,só sei dizer, mas é uma outra coreana que está na residência), Jelena e moi, para comer pão, queijos, comida coreana, e vinho. E, é claro, falar, falar muito!
    Hoje no almoço fomos comer kebab, que é como o nosso churrasco grego, roda, roda, roda, mas tem uma aparência melhor, aqui na maioria das vezes é feito por árabes ou turcos, e, por causa disso, é carne de carneiro e não de porco. Deliciosa, escolhemos num lanche com salada e molhos, que vem com fritas também. O sabor é bom, mais leve que de boi ou porco e mais saborosa também. Além da Coca Cola e da Fanta terem sabor diferente aqui, sem contar o leite, que é horrendo, a mostarda é mais forte (ah, e vou levar muitas Dijon porque aqui é BARATO) e o ketchup também,mas a maoinese é ruim.
    À tarde resolvi ir à Montmartre, depois de ir no banco resolver umas coisas.Não passiei muito pelo bairro porque logo escureceu,mas fui à igreja, vi o pôr-do-sol do alto das escadas de lá, e peguei um tipo de elevador que sobe até,mas desci pela escadaria. Fora que o bairro é tão alto que mesmo a estação de metrô tem elevador, o maior que já vi. Mas preciso voltar ao bairro e ir a Pigalle, ver o Moulin Rouge e o bar em que trabalhava Amelie no filme,ah, e também visitar o museu do erotismo!
   Para amanhã será a exposição de Henri Cartier-Bresson, o museu de arte moderna da cidade de Paris e depois... Louvre, de graça!

  
  
  

sexta-feira, setembro 04, 2009

Jours 1, 2 et 3

Je me promène
Aqui os dias são imensos, mas ainda não consegui escrever nada, seja aqui, seja no meu diário que pretendo, ou pretendia ter disciplina para fazer aqui. Entre andar por aí e sentar e escrever, prefiro andar, mas talvez adote um método de levar o caderno para passear comigo.
O voo para Amsterdã foi bem tranquilo, para uma primeira vez andando de avião, achei que teria medo, mas as sensações são tão boas que o frio na barriga se torna maravilhoso.
Mentira: comida de avião não é ruim, pelo menos a da KLM não é.
E o leite do café da manhã no avião estava muito bom, muito melhor que o daqui, não sei bem porque mas o leite daqui não é bom. Amanhã vou tentar comprar o UHT, porque o fresco é horrível, um pouco amargo e bem fraco para um integral.
Quase perco a conexão para Paris em Amsterdã, tudo porque esqueci de tirar o celular do bolso ao passar no raio X, aí já era, a mulher me revistou todinha, quase um estupro, me fizeram perguntas. O Pedro e eu atravessamos o aeroporto inteirinho correndo e por pouco não perdemos o voo. Um avião bem menor do que o que veio de S.Paulo, tão menor que balançava bem mais. O voo durou 50min, foi só o tempo do lanchinho, um lanche holandês muito bom, um com queijo e outro com uma mortadela diferente meio apimentada.
No aeroporto esperamos alguns minutos e logo Jean Philippe chegou para nos buscar. Muito simpático ele nos levou ao CROUS e nos esperou lá por um tempo, só que lá as coisas demoraram bastante. Ainda bem que o couch para a primeira noite era bem perto, porque carregar todas as malas foi muito difícil mesmo, tive que parar em vários momentos. Kiahyon, o couchsurfer que nos recebeu foi muito legal, nos deixou num studio só para nós, no mesmo prédio, o mais lindo que eu vi aqui por enquanto.
À noite, mesmo cansada, fomos à Rue Mouffetard, num pub e tomamos um chopp, creio eu, que era francês, por um preço até acessível. Caminhamos um pouco pelo Quartier Latin e voltamos para dormir.
A coisa aqui é que tirando o fato de que não me acostumei com o horário, o dia começa cedo e termina tarde, hoje acordei às 7h30 e já estava bem claro, e escureceu às 21h, então chega 22h e eu estou ainda animada. Afinal, quando os franceses dormem? Porque às 8h a rua está cheia de gente indo trabalhar, muitas mães com os carrinhos levando as crianças para as creches e escolas (eu moro em frente a um Maternelle), e às 21h30 ainda está cheia, a praça de Contrescarpe e a Mouffetard estava lotada de gente nos bares e restaurantes.
O monumento que mais vi aqui: o Pantheon, acho que o vi já umas 7 vezes ou mais, nesses dois dias e meio aqui, é perto da residência e no caminho para a Sorbonne, por isso quero descobrir um caminho que não passe mais por lá, e aí nessa procura eu me perdi hoje pela manhã, e tive que sacar o mapa. Aqui o lance com o mapa é engraçado, e com a câmera também. Quando se está na rua, andando, ou sentado, e mesmo no ônibus, as pessoas te olham de um jeito, aí você saca o mapa ou a câmera e os olhares te fuzilam... aparentemente eles não gostam de estrangeiros. A mesma coisa ao falar, se eu hesito um pouco nas palavras, pronto, a cara de impaciência vem. Mas as pessoas não são antipáticas aqui, ainda não encontrei alguém realmente antipático, ah sim, o funcionário da estação Port Royal do RER, nossa, ele foi grosso.
Verdade: as pessoas aqui cheiram bem e se vestem muito bem mesmo.
Verdade: há muitos turistas por todo lado.
Verdade: todo mundo leva uma baguete p/ casa no fim do dia, é incrível, e realmente elas não são totalmente cobertas, eu não achei nenhum lugar que vendesse toda coberta, então você leva p/ casa tomando o ar de Paris. E a baguete não fica dura depois de um dia, comprei uma ontem à tarde e ela ainda está comestível.
Verdade: a Nutella aqui é barata. a normal é cara, mas o pote enorme, com quase um kg é muito barato.
Ontem comprei minha primeira Cahiers du Cinéma, foi lindo, numa banca no Boulevard St Michel. E hoje comi um macaron, enorme, mas achei muito doce. Il faut aller à Hermé, os macarons mais famosos do mundo. Agora a missão é comprar frutas. Hoje comi um kiwi no bandejão daqui, se bem que chamar de bandejão é mancada. Não é tão barato,mas a comida é maravilhosa, comi bata frita e peixe, um creme de groselha maravilhoso, AH, COMI GROSELHA, a fruta mesmo! Enfim, salada e kiwi.
Hoje eu precisava escrever porque hoje, enfim, eu chorei. De dia eu chorei de raiva porque não consegui fazer o velib, as bicicletas daqui, e deu tudo errado, e chovia, e só aceita cartão com chip e eu tive que abrir uma conta no banco. No passeio do fim da tarde eu chorei de alegria, quando desci até o Seine, A Seine, como eles chamam aqui, vi o rio, andei ao lado dele, vi o sol se pôr atrás da Tour Eiffel, quando cheguei na Place des Vosges, e na volta quando passei pela Cardeal Lemoine e vi onde o James Joyce terminou "Ulysses" e onde o Hemingway morou durante os anos que descreve em "Paris é um Festa".
O Oliver vem me visitar no fim de semana da Festa do Patrimônio, dia 18,19 e 20. E amanhã vou ver o Nabil.

segunda-feira, agosto 31, 2009

:: Jour -1::
Hoje a contagem regressiva vai se encerrar. Amanhã é o dia zero, quando parto daqui e não chego a lugar algum, apenas no dia 1, já à tarde, chegarei ao meu destino. Hoje é o dia -1. O dia das despedidas, do último arroz com feijão preto, pimenta, vinagrete, farofa e couve. Há umas duas semanas que vivencio as últimas vezes nos próximos seis meses, última vista de São Paulo do Prédio do Banespa, última visita ao centro, última ida à USP. Mas creio ser uma troca mais do que justa: últimas vezes em seis meses por primeiras vezes da vida inteira. Será a primeira vez fora do Brasil, a primeira viagem de avião, a primeira neve, o primeiro céu estrelado do hemisfério norte. Os seis meses passarão rápido e em breve estarei de volta aos braços dessa imensa cidade e aos abraços de minha mãe.
Mas mesmo sabendo dessa velocidade do tempo, é estranho como a saudade chegou precoce, antes mesmo de dizer o adeus temporário já sinto falta das coisas daqui, das pessoas, dos amigos, parece que tudo fica mais intenso quando se sabe que vai partir.
E eu só tenho uma regra para essa viagem: dizer sim. Não ficar de preguiça, não dormir demais, para poder ter tempo para ver de tudo, experimentar de tudo, conversar com todo mundo. Sem frescuras, vou comer coelho e tudo o mais. "Lá eu abrirei bem grandes meus olhos... eu os abrirei tanto que os parisienses terão medo."

«J'ai un billet pour Paris, oui Paris! Paris dont nous avons toujours tant parlé, tant rêvé! (...) Je vais voir Paris, moi aussi avec mes yeux. Désormais je serai un peu comme tout le monde, je porterai une auréole, un parfum, l'auréole et le parfum de Paris. Je vais toucher les murs, les arbres, croiser les hommes. (...)Je vais là-bas ouvrir tout grand (mes yeux)... je les ouvrirai si grand que les Parisiens en auront peur. Je vais les effrayer. Je tiens à les effrayer par ces yeux grand ouverts, cherchant à tout capturer et j'ouvrirai aussi mes pores et tout mon être...» Bernard Dadié, Un Nègre à Paris

álbum de fotos: http://picasaweb.google.com/ursulapassos


:: Dreaming my Dreams - Waylon Jennings::


I hope that I won't be that wrong anymore,
And maybe I've learned this time.
I hope that I find what I'm reaching for,
the way that it is in my mind.

Someday I'll get over you.
I'll live to see it all through.
But I'll always miss,
Dreaming my dreams with you.

But I won't let it change me,
Not if I can.
I'd rather believe in love.
And give it away as much as I can,
To those that I'm fondest of.

Someday I'll get over you.
I'll live to see it all through.
But I'll always miss,
Dreaming my dreams with you.

Someday I'll get over you.
I'll live to see it all through.
But I'll always miss,
Dreaming my dreams with you.

segunda-feira, agosto 24, 2009


One day we're gonna live in Paris
I promise
I'm on it
When I'm bringing in the money
I promise
I'm on it
I'm gonna take you out to club showcase
We're gonna live it up
I promise
Just hold on a little more

And every night we'll watch the stars
They'll be out for us
They'll be out for us
And every night, the city lights
They'll be out for us
They'll be out for us

One day we're gonna live in Paris
I promise
I'm on it
I'll find you that French boy,
You'll find me that French girl
I promise
I'm on it

So go and pack your bags
For the long haul
We're gonna lose ourselves
I promise
This time it's you and me for evermore

And every night we'll watch the stars
They'll be out for us
They'll be out for us
And every night, the city lights
They'll be out for us
They'll be out for us

And every night we'll watch the stars
They'll be out for us
They'll be out for us
And every night, the city lights
They'll be out for us

Friendly Fires - Paris

quinta-feira, julho 09, 2009

::My headphones saved my life::

Je suis con et blasé - Les Ogres de Barback

Je suis con et blasé
Mais sa me dérange pas
Sans aucune méchanceté
Juste con et blasé
J'aime pas les politesses
J'aime pas la foule
Les reunions de famille où les gens sont contents de se retrouver
Et patati
Et patata
Comment va t'y?
Comment tu vas?
Et ton boulot etc..
Moi je me met dans un coin
Je picole vite et bien
Une fois sans avancer je fuis ma zone
Et là sa me fais marrer

J'aime pas me promener surtout quand il fait beau
On croise les amoureux et tout ça sur leur vélo
Super content d'y être les sportifs,les gens qui n'ont plus d'âges
Les pépés qui promenent leurs toutous
les artistes a deux sous la tête dans les nuages
Moi je me met dans un coin à l'ombre, je picole vite et bien oragé
j'incite tout le monde et là:
ça me fait marrer

J'aime pas travailler et me sentir utile, faire se que d'autres fonds : moi sa me fou en rogne
Etre fiere d'aller bosser, avoir un peu d'argents,payer mon loyer ,aller bouffer
Je laisse mon compte tutoyer les banquiers
Moi je travaille mes partiels vider quand il faut renforcer , vous pouvez bien me le faire et là: ça me fais marrer
Je suis con et blasé

Juste con, juste con,juste con et blasé

J'aime pas les vacances , j'aime pas la chasse ...


::Mas eu não

Hoje eu ouvi o disco da Velha Guarda da Portela organizado pelo Paulinho da Viola. Lembrei-me de você.
Eu tentei de tudo para pensar menos em você ( porque já aceitei que esquecer não vou), mas penso todos os dias. Mudei de hábitos, deixei de ser vegetariana, mas "tudo me traz você, e eu já não tenho para onde correr". Ontem comi canjica. Lembrei-me de você. Nunca mais fui capaz de comer queijo quente com mostarda e suco de laranja, queijo quente sim, o conjunto todo, aquilo que você dizia que poderia comer todos os dias sem jamais enjoar, não. Nem macarrão com shitake, nunca seria tão bom quanto o seu. Hoje vi seu carro estacionado, a placa (que certa vez eu bolei um método Woody Allen para decorar), as manchas no capô, a blusa no banco de trás... Bonito guarda-chuva. Pensei em deixar um bilhete no vidro. Não deixei.
Você não é mais você, não tem mais nome próprio, é uma lembrança, um fantasma, um ideal meio torto que me perseguirá e que eu perseguirei eternamente. Viver assim é que é sensatez.

segunda-feira, junho 22, 2009

quinta-feira, junho 04, 2009





::Você foi::

o maior dos meus casos
De todos os abraços o que eu nunca esqueci
Você foi dos amores que eu tive
O mais complicado e o mais simples pra mim.
Você foi o melhor dos meus erros
A mais estranha história que alguém já escreveu
E é por essas e outras que a minha saudade
Faz lembrar de tudo outra vez.
Você foi a mentira sincera
Brincadeira mais séria que me aconteceu
Você foi o caso mais antigo
O amor mais amigo que me apareceu
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.
Esqueci de tentar te esquecer
Resolvi te querer por querer
Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade
Sem nada perder.
Você foi toda a felicidade
Você foi a maldade que só me fez bem
Você foi o melhor dos meus planos
E o pior dos enganos que eu pude fazer
Das lembranças que eu trago na vida
Você é a saudade que eu gosto de ter
Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.

Outra vez

::Em tempos de crise::

"Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida" Platão

::Olhar Estrangeiro::

Há alguns meses me inscrevi no projeto CouchSurfirg, e desde então minha vida mudou. (Ok, isso não é propaganda da Polishop)
Acima de tudo é preciso disposição e maleabilidade, em troca: experiências maravilhosas entre seres humanos. A ideia é que viajar é bom, conhecer lugares também, mas conhecer pessoas é ainda melhor. Então, que mal há em receber um viajante em sua casa e hospedá-lo em seu sofá? Sofá, colchão, cama, beliche, saco de dormir, não importa, a ideia é ceder um lugarzinho em seu lar e dividir experiências.
O projeto também apoia a ideia de levar um viajante para passear e mostrar a cidade, mesmo que você não o hospede. Foi assim que eu comecei. Marquei de ver um show de chorinho no SESC Paulista com um libanês que mora na França, hoje somos grandes amigos e conversamos sempre pela internet. Já a primeira experiência de receber alguém na minha casa foi com uma garota alemã que mora na Holanda e faz flautas transversais. Dividi meu quarto com ela por uma semana, saimos por São Paulo, conversamos até cansar, e mesmo ainda aprendendo o português e meus pais não entendendo bem o inglês, todos se deram muito bem. Ela contou as histórias da Alemanha Oriental, onde crescera, e, não importa quantos filmes eu tenha visto, ou quantos livros eu tenha lido, nunca teria entendido certas coisas, apesar de saber que só quem viveu saberá. Ela foi surfar outros sofás por um mês em São Paulo e continuamos nos vendo, assim como quando ela voltou do Nordeste após dois meses viajando pelo Brasil.
Assim, recebi em casa uma garota suíça e seu namorado mexicano, um garoto americano descendente de filipinenses e um casal francês, além de conhecer na comunidade de São Paulo um rapaz alemão que trabalhou um tempo na cidade, e diversos paulistanos que também fazem parte do projeto nos encontros e festas.
As fotos e relatos de minha amiga alemã de sua viagem pelo Nordeste brasileiro me revelaram a grandeza do meu país e o quanto eu o desconheço, gerando em mim uma necessidade cada dia maior de sair por aí e ver o que há além de São Paulo. Será que foi preciso alguém de fora para me revelar isso, ou será que foi preciso uma boa narradora? Ela teve a coragem de ir sozinha, e sem falar a língua, a lugares que eu antes não teria coragem de ir, lugares que nós brasileiros do sudeste e sul de certa forma desprezamos. Mesmo suas fotos de São Paulo, de lugares que conheço muito bem, revelam um olhar especial, como as fotos dos túmulos do cemitério da Consolação ou a curiosa pizza doce. E tudo feito com muito entusiasmo e alegria de viver.
Cada uma das pessoas que conheci até agora me ensinou coisas diferentes e importantes, dividiu comigo pensamentos sobre sua realidade e seu mundo, me instigaram uma vontade louca de conhecer, de comer, ver... Deixaram-me com saudade, saudades que saciarei surfando outros sofás por aí.

::Quando a reforma ortográfica me afetou::

Desde o princípio dessa história ela já não me agradava, levei tanto tempo para aprender o português corretamente e agora vão querer que eu escreva linguiça e voo? Eu quero meu trema de volta, quero os pingos nos is e o tremas nos us!!!
De repente, não mais que de repente, "me apercebo" de uma coisa: meu blog. Demorei tanto tempo para escolher o nome dele e agora, mudam, sem me consultar, seu nome, ou melhor, agora eu é que escrevo o nome dele errado.
Meu auto-retrato no museu deve virar autorretrato, e eu que nunca gostei de palavras com dois erres e dois esses.

domingo, abril 05, 2009



Certa Noite - 3 na Massa

Hoje você me deixou
Quer dizer
Hoje você me deixou de novo
Depois a gente volta
Sempre voltou
Você voltou
Voltou sempre que me deixou
Mas há sempre algo que se lasca
Que se acaba
Uma magia que se estraga
Uma vela que se apaga
Aos poucos
Um abalo que um dia, talvez, não dê mais jeito
Uma ofensa que, talvez, desta vez, não dê conserto
E então chega um dia em que eu não te reconheço
Um dia que não vem depois do outro
Uma certa noite
Fora do tempo
E então um dia eu não me reconheço
E quero o que eu nem sabia
Que era isso que eu queria

Uma noite tão quente como essa
Pode ser um novo começo
Poder, querer, ser
Sem ter você

Se você não me quer mais
Eu quero me perder

Se você não me quer mais
Eu quero te perder

Se você não me quer mais
Eu quero

Que o fogo que vem de baixo
Seja fogo negro, intenso
Um fogo sem descaso
Pra me queimar em silêncio
E então finalmente eu me esqueço
E me entrego
Você é quem me dá tudo quente e espesso
Que me dá tudo que eu mereço
E não me nego
Então eu danço
Danço

Uma noite tão quente como essa
Pode ser um novo começo
Querer, poder, ter
Sem ser você

Se você não me quer mais
Eu quero me perder

Se você não me quer mais
Eu quero te perder

Se você não me quer mais
Eu quero.

imagem: Jimenez & associados (http://www.sergiocarreiras.com/ilust_img05.html)

sábado, março 07, 2009


I don't want to talk about it - Danny Whitten

I can tell by your eyes that you've prob'bly been cryin' forever,
and the stars in the sky don't mean nothin' to you, they're a mirror.
I don't wanna talk about it, how you broke my heart.
but if I stay here just a little bit longer,
If I stay here, won't you listen to my heart, whoa, my heart?

If I stand all alone, will the shadow hide the colors of my heart;
blue for the tears, black for the night's fears.
The star in the sky don't mean nothin' to you, they're a mirror.
I don't wanna talk about it, how you broke my heart.
but if I stay here just a little bit longer,
if I stay here, won't you listen to my heart, whoa, my heart?
my heart, whoa my heart, this ol' heart.

I don't wanna talk about it, how you broke my heart,
but if I stay here just a little bit longer,
if I stay here, won't you listen to my heart, whoa, my heart?
My heart, whoa, my heart.


Prá dizer adeus - Titãs

Você apareceu do nada
E você mexeu demais comigo
Não quero ser só mais um amigo
Você nunca me viu sozinho
E você nunca me ouviu chorar
Não dá prá imaginar quando
É cedo ou tarde demais
Prá dizer adeus
Prá dizer jamais

Às vezes fico assim pensando
Essa distância é tão ruim
Porque você não vem prá mim?
Eu já fiquei tão mal sozinho
Eu já tentei, eu quis chamar
Não dá prá imaginar quando
É cedo ou tarde demais
Prá dizer adeus
Prá dizer jamais

Eu já fiquei tão mal sozinho
Eu já tentei, eu quis...
Não dá prá imaginar quando

É cedo ou tarde demais
Prá dizer adeus
Prá dizer jamais

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

::My headphones are trying to save my life::


"Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso seja lá o que isso for
Eu não quero aquele eu não quero aquilo
peixe na boca do crocodilobraço da Vênus de Milo acenando ciao
Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro este hoje escuro
Eu não quero ter o Tejo me escorrendo das mãos
Quero a Guanabara quero o rio Nilo
Quero viver quero ouvir quero ver"


"You told me you loved me
Why did you leave me, all alone"


"Tempo atrás
Este tempo está lá atrás
E eu não tenho mais o que fazer, não"


"Não é preciso apagar a luz
Eu fecho os olhos e tudo vem
Num Caleidoscópio sem lógica
Quem vai pagar as contas
Desse amor pagão
Se tudo tem que terminar assim
Que pelo menos seja até o fim
Prá gente não ter nunca mais
Que terminar..."


"Get over the sorrow, girl
The world is always going to be made of this
You can trust in it
Unless you breathe in
Bravely
All the still-born love that could've happened
All the moments you should have embraced
All the moments you should have not locked up
Understand
So clearly
To shut yourself up
Is the hugest crime of them all
You're just crying after all
To not want them humans around
Anymore"


"Seu beijo sumiu do meu rosto
Meu sangue subiu a cabeça
Queria olhar para você
Mas sem ter que olhar para trás
Meu sorriso não é tão largo
Estou feliz mas às vezes choro
Jogo meu corpo no espaço
Ah, hoje faz...
Hoje faz um dia lindo de morrer..."


Trechos das músicas: Bandeira - Zeca Baleiro
Cry me a river - Justin Timberlake
Ainda gosto dela - Skank
Pneumonia - Björk
Um dia lindo de morrer - China


::Vivendo e Aprendendo::


Já faz um tempo que parei, por causa do joelho, mas andava muito de bicicleta por aí, e, não sei como, nunca havia "botado reparo" que existem bicicletas para mulheres e bicicletas para homens. Certo, eu sabia que existia a Ceci, eu mesma tive uma quando criança, mas isso faz parte daquele típico sexismo para crianças. O que não sabia é que o formato da bicicleta é diferente quando feminina ou masculina, e então descobri que sempre andei em bicicletas masculinas. Who cares?
A diferença está no tubo superior do quadro, que nas bicicletas femininas é mais baixo ou curvo para baixo, tentaram me explicar o porquê,mas ainda não estou convencida dos reais motivos disso.













::Sábias Palavras::

"O conhecimento constitui originariamente um instrumento a serviço da vida" (Schlick)

::Rapidinhas Cinematográficas::
(a preguiça é demais para divagações no escuro)

No último mês não vi tantos filmes quanto gostaria de ver, mas me surpreendi com a diversidade, pela primeira vez deixei de lado alguns preconceitos, joguei-me no sofá, entregue que estava às lamúrias, e assisti de tudo, de vencedores de Oscar como Sangue Negro até um suspense horroroso como Possuídos e o romântico P.S.Eu te amo, passando pelo novo do Honoré (esse vi no cinema), A Bela Junie. Sem fôlego para grandes divagações, alimentarei minha vontade de escrever sobre os filmes que vejo com pequenas porções de opiniões. (Quantos ecos, as rimas não foram intencionais)

Sangue Negro - Alguém lembrou de Giant? O tema é interessante, mas talvez o filme não se aguentasse sem o Daniel Day-Lewis, que dá um show enlouquecendo. A sequência na pista de boliche não sairá da memória.

Vida de Menina - Filme nacional que não se passa na favela do Rio nem no sertão do Nordeste já ganha pontos comigo, filme de época então... Adorei. O filme é muito bem feito, a personagem conquista o espectador e é uma pena que essa figura tenha sido apagada da literatura brasileira, mesmo traduzida por Elizabeth Bishop. A região do ouro de Minas Gerais, com suas tonalidades amarelas, aparece linda e ao mesmo tempo decadente.

Albergue Espanhol - Quero dividir um república com gente do mundo inteiro e fazer parte do Erasmus, o programa de intercâmbio mais famoso do mundo, apenas para europeus. O filme é mais divertido que a sequência, "Bonecas Russas", tem piadas muito engraçadas e um final que me fez pensar em muitas coisas, não é fácil ter seus 20 e poucos anos e esperar uma coisa no fim da faculdade que talvez não seja bem o que você sempre sonhou.


La Belle Personne (A Bela Junie) - Um amigo disse: "Nasceu a personagem que não ficou com o Garrel", ao que eu respondi ser isso bem inverossímel, afinal, quem não cairia de amores por aquele francês? Colocando a tietagem de lado, o filme trabalha muito bem com as dúvidas amorosas da jovem Junie e filma a garota de ângulos de fazer inveja a Godard e Karina, de fazer inveja até a Antonioni e Monica Vitti. É Honoré honrando seus ídolos!

Café de los Maestros - Se você gosta de tango, não perca. Se você gosta de documentários, saia correndo. Mas como o brasileiro "O Mistério do Samba", trocando os estilos musicais, se você gosta de ambos, a experiência é boa.

Vestida para casar - Não é o tipo de filme que eu assistiria normalmente, mas resolvi dar uma chance e me diverti muito, apesar de o filme ser totalmente previsível. Assista à melhor parte, quando o casal canta bêbado num bar "Bennie and the Jets" do Elton John: http://www.youtube.com/watch?v=RDhQ7lMF9zk

P.S. Eu te amo - "Filme de mulherzinha", como diz minha amiga, é aquele tipo de filme em que o seu nível de estrogênio vai às alturas. Eu, particularmente, chorei o filme in-tei-ri-nho, de soluçar, de me acabar. Uma outra amiga me avisou: "Não se preocupe, você nunca vai passar por isso, porque não existe alguém assim", ought! Essa doeu. Será?

In Bruges (Na Mira do Chefe) - "I didn't even know where Bruges fucking was", mas agora quero visitar Bruges. Há algum tipo de viciado que colocou praticamente todos os diálogos do filme no IMDB, então nada melhor do que colocar algum aqui. Nos extras do DVD há uma espécie de trailler só com os palavrões que são falados no filme, e, acredite, são muitos.
"- Bruges is a shithole.
- Bruges is not a shithole.
- Bruges is a shithole.
- Ray, we only just got off the fucking train! Could we reserve judgement on Bruges until we've seen the fucking place?"