quinta-feira, dezembro 18, 2008

::Momentos Paris,Texas::


- Não sinta pena de si mesma.
- Sim, eu sinto pena do meu corpo, pois sei que ele nunca mais será tocado por suas mãos, sinto pena dos meus olhos que nunca mais olharão os seus a milímetros de distância, sinto pena das minha mãos que nunca mais sentirão o seu corpo, do meu nariz que nunca mais respirará o seu cheiro, de minha boca que nunca mais sentirá o seu gosto, e eu posso continuar infinitamente sentindo pena de mim mesma, e de inifinitas coisas maravilhosas que essa eu mesma nunca mais poderei ter.


- Hoje eu vi dois bonsais lindos, um era de uma plantinha que parece arbusto, e outro era de romã, esse tinha três anos, já dava flores, os dois estavam maravilhosos e muito baratos, eu pensei na hora em comprá-los para que um dia cuidássemos deles juntas, mas então eu me lembrei do que havia esquecido por um segundo.


- Oh, há tanto o que eu quero te contar. Eu leio o jornal e já vou recortando, guardando, e,quando me dou conta, lembro do que havia esquecido por um segundo, você não os lerá.


Sentadas na pedra:
- ...
- ...
Que pedra? Não há mais pedra.


::E agora, o que faço eu da vida sem você?::


Você não me ensinou a te esquecer,
você só me ensinou a te querer.
E agora, o que faço com a chave da sua porta no meu chaveiro?
O que faço com essa linhazinha amarrada por você no meu punho?
O que faço com o seu presente de natal?
O que faço com os dois fios de cabelo seu que estão guardados na minha carteira?
E com as fotos, que carrego sempre comigo?
E com essa dor?
O que faço com meu amor? Que é tanto. É infinito e não cabe apenas dentro de mim.

domingo, dezembro 14, 2008




Shame - Morphine

I felt bad but there was
nothing I could do about it
Nothing I could do to make it go away
I felt bad but there was nothing
I could do to change it
Nothing I could do to make things change
This is my shame
I felt bad but I keep trying
to kid myself about it
Trying to tell myself it was an honest mistake
I felt bad but what's done is done
Just one thing remains
This is my shame
I know your mad at me
I know you want to cut my throat
I know you think I think it's all a joke
I don't
I felt bad but there was
nothing I could do about it
Nothing I could do to make it go away
I woke up and thought
Everything's going to be alright
Everything's going to be ok
Then it hit me like a wave
This is my shame

sexta-feira, dezembro 12, 2008


Pierre Bonnard, L'indolent ou femme assoupie sur un lit, 1899.


::My headphones are not saving my life (damn Leoni)::


Depois do fim - Leoni

Mas como eu começo depois do fim
O som da porta batendo atrás de mim
Minha vida se parte em pedacinhos pequenos
O que restou, o que dizer, prá quem ligar, aonde ir?

O vazio total e a urgência de recomeçar
Em que casa, em que rua, em que mundo eu vou morar?
Onde eu vou entre o fim do trabalho e o começo do sono?
Prá te esquecer me entrego pra qualquer bobagem na TV

E eu rezo pra dormir
Mas Deus não quer me ouvir
Eu tento resistir
Enquanto a noite e o céu desabam sobre mim

Sobra espaço no armário e agora aqui
O vazio na alma, na cama e ao redor de mim
Caio em prantos na rua e nem ligo,
Me acostumei com vexames
Volta pra mim, me mostra onde eu errei e te perdi (isso eu sei)

E eu rezo pra dormir
Mas Deus não quer me ouvir
Eu tento resistir
Enquanto a noite e o céu desabam sobre mim


Quem além de você?

Foi só um sorriso e foi por amor
Nenhuma ironia, não foi por mal
Foi quase uma senha pra te tocar
Nem foi um sorriso, foi um sinal

Por trás das palavras, da raiva de tudo
Sorri pra tentar chegar em você
Foi como fugir pra nos proteger
Enquanto eu sorrir ainda posso esquecer
Porque

Quem vai te abraçar?
Me fala quem vai te socorrer
Quando chover e acabar a luz
Pra quem você vai correr?
E quem vai me levar
Entre as estrelas, quem vai fazer
Toda manhã me cobrir de luz?
Quem, além de você?

Ninguém tem razão, tenta me entender
E a gente é maior que qualquer razão
Foi só um sorriso e foi por amor
Te juro do fundo do coração

Foi como tentar parar esse trem
Com flores no trilho e acenar pra você
Parece absurdo, eu sei, mas tentei
Enquanto eu sorrir ainda posso esquecer

Quem vai te abraçar?
Me fala quem vai te socorrer
Quando chover e acabar a luz
Pra quem você vai correr?
E quem vai me levar
Entre as estrelas, quem vai fazer
Toda manhã me cobrir de luz?
Quem, além de você?

Deixa isso passar, e quando passar
Vou estar aqui te esperando
Pra te receber
E sorrir feliz dessa vez
Que esse amor é tanto


::Soulmates never die::


Eu era uma garota fria e calculista, racional e medrosa, pagava de brava e de forte, não me arriscava, não me entregava. Não acreditava em alma gêmea nem em amor eterno. Eu descobri que eles existem, oh, criaturas não mais mitológicas, e agora sei também o porquê de não aceditar nelas antes, porque, se existe alma gêmea, o que se há de fazer depois que a perdemos? Se existe amor eterno, o que farei agora pelo resto dos meus dias? Intrigantes perguntas, revelam muito do que eu fui um dia, e nada do que será a eternidade daqui em diante.

sábado, novembro 08, 2008

::My headphones saved my life::


Ontem ao Luar - Catulo da Paixão Cearense e Pedro de Alcântara

Ontem ao luar
Nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste
O que era dor de uma paixão
Nada respondi
Calmo assim fiquei
Mas fitando azul do azul do céu
A lua azul e te mostrei
Mostrando a ti dos olhos meus correr senti
Uma nívea lágrima e assim te respondi
Fiquei a sorrir por ter o prazer de ver a lágrima nos olhos a sofrer
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mistér sofrer para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunto ao luar travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
pergunto ao luar do mar a canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor
Sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe o monte a beira mar ao luar
Ouve a onda sobre a areia lacrimar
Ouve o silêncio a falar da solidão
De um calado coração
A penar a derramar os prantos seus
Ouve o choro perenal a dor silente universal
E a dor maior que a dor de Deus
Se tu queres mais
Saber a fonte dos meus ais
Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração
Ouve a inquietação da melancória pulsação
Busca saber qual a razão
Porque ele vive assim tão triste a suspirar
A palpitar em desesperação
Na queima de amar de um insensível coração
Que a ninguém dirá no peito ingrato em que ele está
Mas que ao sepulcro fatalmente o levará

N - Nando Reis

E agora, o que eu vou fazer?
Se os seus lábios ainda estão molhando os lábios meus?
E as lágrimas não secaram com o sol que fez?

E agora como posso te esquecer?
Se o seu cheiro ainda está no travesseiro?
E o seu cabelo está enrolado no meu peito?

Espero que o tempo passe
Espero que a semana acabe
Pra que eu possa te ver de novo

Espero que o tempo voe
Para que você retorne
Pra que eu possa te abraçar
E te beijar
De novo

E agora, como eu passo sem te ver?
Se o seu nome está gravado no
Meu braço como um selo?
Nossos nomes que tem o n
Como um elo

E agora como posso te perder?
Se o teu corpo ainda guarda o
Meu prazer?
E o meu corpo está moldado
Com o teu?

::Sábias Palavras::


O remorso é "uma consciência com dentes para morder". (José Saramago, Ensaio sobre a cegueira)

::O que eu também não entendo::


Às vezes uma coisa me incomoda tanto dentro de mim que preciso colocar para fora, e então, escrevo. Há coisas sobre as quais nunca consegui escrever, e tenho a impressão de que é por isso que não consigo me livrar delas. Certos pensamentos parecem adquirir materialidade ao serem exteriorizados, assim como os sentimentos. Assim, a dor parece aumentar quando falamos sobre ela, como também a alegria, quando a multiplicamos, dividindo com outros.
Eu tenho histórias dentro de mim que nunca pude contar a ninguém, umas por serem bobas demais, outras por serem sérias demais, umas porque simplesmente não saem por mais que eu abra a boca ou segure a caneta com força, outras porque, talvez, por mais que eu tenha medo de admitir, eu não quero me perder delas. A materialização dos pensamentos também faz com que eles adquiram vida própria, e nunca se sabe até onde eles vão.
Certos acontecimentos eu jamais serei capaz de narrar, certas atitudes não têm uma explicação capaz de ser encerrada em palavras, mas talvez eu é que seja a péssima contadora de histórias. Nem toda história é inventada, existem as estórias e as histórias e, por mais que eu tente, de mim só saem histórias. Qualquer ficção banal acaba contaminada por alguma experiência minha, mas tudo bem, se não me engano foi o Amós Oz que disse certa vez que é impossível ser diferente. Vai saber... eu não sei disfarçar, eu não sei enganar.

sexta-feira, outubro 10, 2008

::O Pequeno conto do abraço::


Essa história se deu há cerca de seis meses, numa noite de garoa fina de São Paulo. Eu chorava compulsivamente sentada na sarjeta de uma calçada amontoada de gente na Av.Paulista. Respirei fundo e resolvi me levantar para seguir o caminho para casa, afinal, como diz a minha avó, "é melhor chorar em casa que é lugar quente".
Não podia sequer imaginar a minha face naquele momento, até hoje não posso, o desespero devia estar estampado num rosto borrado, rímel escorrido, cabelo desgranhado. Sem máscara, sem aprumo, sem espelho para retocar uma imagem que nunca fora a minha.
Segui lentamente até o ponto de ônibus, como se sentir aquela dor fosse meu dever, molhando-me daquela chuva que não traria a redenção. As pessoas me olhavam estranho, é verdade, mas desviavam o olhar rapidamente, com exceção do homem que se sentou ao meu lado e que parecia hipnotizado pela minha figura. Desci do ônibus na estação de metrô e continuei pelas escadas rolantes, tentando me controlar para que não saíssem ruídos escandalosos além das lágrimas. Até que senti uma batida em meu ombro.
Uma moça apenas alguns anos mais velha do que eu, num uniforme empresarial, pergunta-me se eu estava bem, eu segurei firme o lenço de papel, funguei fundo e disse sim,sim, está tudo bem. Ela olhou fundo nos meus olhos:
- Você precisa de um abraço?
Bom,eu rejeitei,achei a pergunta,inclusive,muita estranha. Mas não era uma pergunta, era quase que um afirmação, uma constatação. Ela então abriu os braços e me abraçou. Uma completa estranha, me apertou forte contra seu corpo quente e disse no meu ouvido palavras que jamais esquecerei:
-Não se preocupe,moça,vai ficar tudo bem.
Eu agradeci e fui embora.
A estranheza de tal gesto numa cidade como São Paulo, numa dinâmica social como a nossa, me chocou, afinal, é um gesto tão simples, que demanda tão pouco.
Quando cheguei à plataforma, olhei para os trilhos e pensei nas centenas, quiçá milhares de pessoas que se suicidam nos metrôs do mundo. Naquela noite eu não me suicidaria, a idéia sequer passou pela minha cabeça, eu não tinha planos, fatalmente iria para casa, tomaria umas gotas a mais de um remédio para ansiedade e conseguiria, enfim, dormir. Mas quantas pessoas desistiriam de se suicidar se recebecem um abraço de um completo desconhecido? Um abraço não paga as contas, não conserta corações partidos, mas reacende uma chama muito importante: a chama da esperança na humanidade das pessoas. O mundo pode ser uma merda, as pessoas se matam por nada, as pessoas se odeiam, os fortes se aproveitam dos fracos todos os dias,o mundo é injusto, mas são esses pequenos gestos que me fazem respirar fundo e sentir um pouquinho de alegria, um bem-estar diferente,uma humanidade que compartilho com alguns outros.

domingo, setembro 14, 2008

::Divagando no Escuro::


My Blueberry Nights (Um Beijo Roubado)


"I don't know how to begin
'Cause the story has been told before
(...)
I guess it's just how it goes
The stories have all been told before"

Algo meio vermelho, meio marrom, de uma textura que remete a órgãos e sangue, ocupa a tela e vai sendo invadido por um líquido branco. Pensamos em aguma coisa nojenta, e que vai se revelar deliciosa, ou pelo menos parece, já que saímos do cinema com vontade de comer tortas de blueberry. Surgem então as letras típicas dos filmes de Wong Kar Wai, que se tornaram familiares a nós, como a fonte dos filmes de Woody Allen. No fundo, uma música hipnotizante na voz de Norah Jones.
E o que se segue é um filme "a la" Kar Wai.
Não sei se é porque o filme é falado em inglês e os atores não são chineses, mas tive a impressão de ser ele uma auto-paródia. Lembro do filme Inferno feito "a la" Kieslowski, em homenagem ao diretor, usando um roteiro escrito por ele. Porém, sabemos que My Blueberry Nights foi dirigido por Kar Wai, então por que o filme parece não "descer" tão bem? De onde vem o estranhamento?
Várias, senão todas, das marcas estilísticas de Kar Wai estão presentes aqui, mas como se houvesse uma certa artificialidade, um exagero nos próprios temas e uma superficialidade naqueles que seriam menos do agrado de um público acostumado ao cinema hollywoodiano. O "happy ending" não está em seus outros filmes, que nos deixavam sempre um tanto consternados, mas aqui estão sob evidência o trem, as histórias de vários personagens que se cruzam, a impossibilidade amorosa (o pote de chaves é tão simbólico quanto comer latas e latas de abacaxi em calda ou limpar o apartamento de alguém às escondidas), os relógios e o tempo que se arrasta, os bares noturnos, as lanchonetes, a loira descolorida (sem peruca dessa vez).A escuridão, os ambientes fechados, a noite, o andar das mulheres, a ênfase em seus sapatos e suas saias abaixo do joelho. Isso tudo é Kar Wai. Há, inclusive, uma cena em que Norah Jones está sentada e acima dela há um relógio de parede, ao lado um telefone, e que lembra uma cena semelhante de 2046.
Há elementos que podem ser remetidos a todos os outros filmes de Wong Kar Wai, e isso talvez seja um ponto positivo, talvez faça desse filme sua obra mais depurada, a mais autoral.
Mas nem Jones, nem Weisz conseguiram passar o charme de atrizes como Maggie Cheung, e o que mais faz falta é um personagem realmente marcante. A fotografia é magistral, as falas, o filme é belíssimo (não mais do que 2046), mas nenhum dos personagens consegue ser marcante, forte o suficiente como os dos filmes anteriores do diretor, e talvez os mais convincentes sejam mesmo o policial e sua ex-esposa.


Não há o fim pessimista, típico de Kar Wai, já que o amor é possível entre Jones e Judi Law, mas nem por isso a cena final deixa de ser linda...os dois beijando-se deitados sobre o balcão e a câmera vendo-os de cima, as cabeças e os ombros que se encaixam perfeitamente. Essa cena, inclusive, lembra muito a cena final de Confiança (Trust) de Hal Hartley.






As tortas de blueberry terminam os dias completamente intocadas, não que elas não sejam gostosas, mas nas escolhas feitas pelos clientes, elas acabam sobrando. Norah Jones come essas tortas todos os dias como um ritual para se livrar de um amor mal sucedido, um ritual como o de comer abacaxi em calda que tenham a mesma data de validade,como faz o personagem de Amores Expressos. E a trilha sonora continua maravilhosa, com destaque para "Yumeji's Theme (Harmonica Version)" de Chikara Tsuzuki e Shigeru Umebayashi.

sexta-feira, setembro 05, 2008

::Sobre todos nós::

De repente ele se deu conta: já não se encaixava mais ali - ok, talvez não tenha sido assim tão de repente, mas ficou bom começar assim. Não era mais aquele misto adolescente de suspeita e rebeldia. Era uma constatação adulta.Ou pelo menos assim ele julgava.

Há alguns anos percebera que a casa dos seus pais não era, como acreditava antes ser, a sua própria casa.Talvez o único lugar que realmente lhe dissesse respeito fosse seu quarto,mesmo que os móveis e tudo o mais tivessem sido comprados por seus pais. Afinal,não era uma questão de dinheiro, nem de quem é dono do que. Aquela casa era de seus pais não porque eles fossem donos dela e de tudo o que havia dentro, mas porque ali reinavam os seus rituais.

Não é isso que faz um lar? Mesmo vivendo sob aquelas regras e aqueles rituais, ele construiu para si seus próprios rituais, com os quais na verdade ele apenas sonhava, ou praticava quando ficava sozinho em casa, como ouvir música alta enquanto anda nu pela casa e comer deitado na cama. Ah! Coisas simples da vida! Também não gostava do jeito como seus pais se relacionavam, e dizia a si mesmo que jamais formaria um casal como aquele, e que não educaria seus filhos como fora educado.

Alguém lhe dissera que lar era para onde temos vontade de voltar. Não que ele não amasse seus pais, mas não era exatamente para aquela casa que ele desejava voltar todos os dias. E não havia outra casa para a qual desejar voltar. Ela ainda não existia. Ele queria construí-la. Queria rituais com os quais concordasse, porque, de repente - isso sim foi de repente - descobriu que não concordava com o modo como seus pais vivem suas vidas.

sábado, agosto 30, 2008

E eu aprendi



" 'Qu'est-ce qui nous prouve que dans dix ou vingt ans notre pacte pour la vie correspondra au désir de ce nous serons devenus?'
Ta réponse était imparable: 'Si tu t'unis avec quelqu'un pour la vie, vous mettez vos vies en commun et omettez de faire ce qui divise ou contrarie votre union. La construction de votre couple est votre projet commun, vous n'aurez jamais fini de le confirmer, de l'adapter, de le réorienter en fonction de situations changeantes. Nous serons ce que nous ferons ensemble'."
Lettre à D., André Gorz



::My headphones saved my life::


Endless Love - Lionel Richie

My love,
Theres only you in my life
The only thing thats bright

My first love,
You're every breath that I take
You're every step I make

And I
I want to share
All my love with you
No one else will do...

And your eyes
Your eyes, your eyes
They tell me how much you care
Ooh yes, you will always be
My endless love

Two hearts,
Two hearts that beat as one
Our lives have just begun

Forever
I'll hold you close in my arms
I can't resist your charms

And love
I'll be a fool
For you,
I'm sure
You know I don't mind

'cause you,
You mean the world to me
Oh
I know
I've found in you
My endless love

And, yes
You'll be the only one
'cause no one can deny
This love I have inside
And I'll give it all to you
My love
My endless love


Krafty - New Order

Some people get up at the break of day
Gotta go to work before it gets too late
Sitting in a car and driving down the road
It ain't the way it has to be

But that's what you do to earn your daily wage
That's the kind of world that we're living in today
Isn't where you wanna be
And isn't what you wanna do

Just give me one more day
Give me another night
I need a second chance
This time I'll get it right

I'll say it one last time
I've got to let you know
I've got to change your mind
I'll never let you go

You've got to look at life the way it oughta be
Looking at the stars from underneath the tree
There's a world inside and a world out there
With that on tv you just don't care

They've got violence, wars and killing too
All shrunk down in a two-foot tube
But out there the world is a beautiful place
With mountains, lakes and the human race
And this is where I wanna be
And this is what I wanna do

video clipe - http://br.youtube.com/watch?v=f8OcjdL8GvE

domingo, agosto 17, 2008

::O metrônomo que queria ser iPod::


Outro dia estava eu voltando da aula semanal de piano, feliz, alegre e saltitante, atravessando a rua, quando uma vizinha de prédio me encontra e diz:
-Você não tem medo que roubem?
Fiquei com uma cara de tacho sem saber do que ela estava falando, não uso relógio, não carrego nada de valor, ando de ônibus, o que poderiam me levar? As calças? Ela então olhou para minha bolsa, como se alguém pudesse nos ouvir se ela revelasse o que, afinal, eu tinha de tão valioso - Carrego muitas coisas quando vou às aulas, por isso levo uma bolsa de praia, de plástico colorido mas transparente, bem praia mesmo, uma sacola para dizer a verdade.- Olhei atentamente para a sacola e não vi nada demais.
Olhei então de volta para a mulher, com cara-de-ponto-de-interrogação e ela disse:
-Seu iPod.
Nossa, meu metrônomo quase saltou da bolsa de felicidade! Sim, era meu metrônomo, solto e livre aparecendo na bolsa. Nunca passou pela minha cabeça que ele realmente se parece com um iPod e muito menos que se alguém visse ele comigo poderia querer roubar achando que ele fosse um tocador de MP3. Tentei explicar isso à minha vizinha, mas ela sequer sabia o que era um metrônomo, o que me fez sacá-lo da bolsa, todo cheio de si que ele estava, no meio da praça, ligá-lo e mostrar para que serve: bom, apenas para marcar o tempo. Mesmo assim ela não entendeu, tive então de explicitar que serve para os músicos, para que não saiam do ritmo etc, lembrei dos mais antigos que batiam uma espécie de pêndulo de um lado para o outro, tac-tac-tac-tac ou tac---tac---tac---tac ou ainda tac------tac------tac------tac
Aparentemente nem todo mundo viu Seven, em que um dos personagens só conseguia dormir com o metrônomo, de madeira, aquele lindo, funcionando. Nem Ensaio de Orquestra do Fellini, em que músicos revoltados substituem seu maestro por um metrônomo gigante. Aquele modelo de metrônomo está para os modelos atuais como a vitrola está para o tocador de MP3.
Dada essa nova descoberta, começo agora a “esconder” meu metrônomo entre os livros, acho que livros ninguém vai tentar me roubar, vão confundí-los com o que?


domingo, agosto 10, 2008

::Frustrações de férias::


Fala-se muito das listas de Ano Novo, as promessas e/ou desejos não cumpridos e/ou realizados, mas para mim, que não acredito em Ano Novo (é só calendário!) e nem acredito que mudança de calendário traga mudança de vida, frustrantes mesmo são as listas de férias.

Para essas férias de julho devo ter feito umas três listas, que eu me lembre, uma em cada bloco de notas que uso, fora minha agenda e as “anotações mentais”. Agora que as férias acabaram, resolvi checar o tamanho do desastre.

  • estudar idiomas – li algumas coisas em francês para uns trabalhos e agora, na última semana,me inscrevi no LiveMocha, mas não conta.

  • ler as seções de política e economia no jornal porque me inscrevi num programa de trainee da Folha – mal consegui ler as críticas de cinema... voltei de 10 dias longe de São Paulo sem saber quem é Daniel Dantas.

  • arrumar guarda roupa e armários – isso eu fiz, então: 2 X 1.

  • ler Bergson, os ensaios da Gilda de Mello e Souza, Amar,verbo intransitivo, o terceiro livro da série d'O Guia do Mochileiro das Galáxias, a biografia do Jung (que eu peguei emprestada há tempos) e A Paixão Segundo G.H – eu me envergonho de dizer que só li um livro, na verdade a parte I do Sexus do Henry Miller.

  • atualizar-me na locadora – eu fui lá e nem sabia mais quanto custava a locação.

  • ir pelo menos umas 10 vezes no cinema – quatro...4...IV...

  • colocar em dia a leitura das minhas revistas Piauí e Discutindo Filosofia

  • começar a ler a Crítica da Razão Pura para não chegar completamente perdida no curso de Kant – espero saber em que sala será o curso.

  • organizar as capas dos DVDs – e ouvir os Cds que, assim como as DVDs, eu gravei COMPULSIVAMENTE... nada feito.

  • ver a temporada de Lost que não consegui acompanhar

    Placar final do desastre: 9 X 1. Mas mesmo assim eu estou otimista e avalio essa como uma das melhores férias que já tive graças a viagem à Londrina. Simplesmente inesquecível!


::Sábias Palavras::


“A coerência, não a quero mais. Coerência é mutilação. Quero a desordem.” (Clarice Lispector, A Partida do Trem)

“ A esperança renasce do fundo do abismo. Re-deslumbrada.” (Lolita Pille, Hell)


::Amigos Premonitórios::


“Uma hora esse seu jeito cansa.”

“Chega uma hora que isso deixa de ser bonitinho.”


::Saudades nas férias


O pacote de Chocolícia e de Passatempo ficam mais gostosos quando divididos com os amigos.


::Sobre Fotografia::

"Toda foto testemunha a dissolução implacável do tempo."

"A própria mudez do que seria, hipoteticamente, compreensível nas fotos é o que constitui seu caráter atraente e provocador" Susan Sontag


Fenêtres, Marc Riboud, 1957


Migrant Mother, Dorothea Lange, 1936

domingo, julho 27, 2008

::As beldades do Cinema Moderno::

Outro dia me peguei pensando ao acaso: sempre quando vemos aquelas fotos em preto e branco de divas do cinema temos ali mulheres belíssimas, é verdade, mas na grande maioria das vezes atrizes do cinema clássico americano, no máximo até a década de 50. A coleção de fotos que saiu na Folha ilustra bem isso. Concordo que Marilyn Monroe seja linda,tenho um quadro dela... que Ava Gardner seja deus, como dizia um professor, incluo até Marlene Dietrich, Rita Hayworth e, é claro, Audrey Hepburn no Olimpo. MAS e as belas mulheres do cinema europeu das décadas de 60 e 70, os belos rostos das incríveis atrizes do cinema moderno?
Resolvi então montar um Olimpo das deusas do cinema europeu do meu período favorito.
...E deus criou a mulher

Brigitte Bardot, BB para os íntimos, a musa da Nouvelle Vague.



Catherine Deneuve, a bela da tarde, da manhã, da noite, da madrugada.




Anna Karina, e Godard.




Monica Vitti, e Antonioni.





Liv Ullman, e Bergman.





Fanny Ardant, e Truffaut.






Jeanne Moreau, eterna Catherine cantando Tourbillon de la vie em Jules et Jim

Pensando nesse assunto, me ocorreu de procurar na internet fotos dessas atrizes hoje em dia e de alguns dos atores que trabalharam com elas, não menos bonitos e nem menos competentes, como Alain Delon, Marcello Mastroianni e Jean Paul Belmondo, achei fotos muito interessantes, mas isso fica para outro post.

:: Ideologia, eu quero uma para viver::


Eu não sou uma pessoa maleável, quando eu coloco uma idéia na cabeça, não há quem a tire. Talvez no título coubesse melhor a palavra convicção. Sou uma pessoa cheia de convicções. Não sei exatamente porque resolvi escrever sobre isso, mas senti que precisava.
Eu me nego terminantemente a fazer certas coisas, como, por exemplo, comer carne, comprar um carro ou usar isopor. Não costumo hesitar nessas decisões que pretendo serem para o resto da vida, mas comecei a questionar o outro lado, o fora de mim. Vale ir contra suas convicções para agradar o outro?
Já faz uns seis meses que estou com uma vontade louca de tomar sundae do McDonald's, eu confesso! Eu já tentei todo tipo de sundae que existe por aí, de maquininha de rua, de potinho de geladeira, de sorveteria num copão, mas continuo com vontade, e tudo por causa de um garotinho numa loja que estava comendo um de chocolate, todo lambuzado, virou para o pai dele e disse: "Pai, isso está uma delícia!". Pronto, desde então esse sundae me persegue.
Mas vale cozinhar carne para agradar alguém? A Carla Bruni era de esquerda e casou-se com o Sarkozy...vale? Essas perguntas começaram a me atormentar depois de ver uma araucária de miniatura feita com aquelas pedras brasileiras, um desses itens para gringos, tem de tudo com essas pedras, como aquelas borboletas dentro de vidrinhos. Sou totalmente contra a extração dessas pedras, e então tive que desviar a idéia de presentear alguém que sei que gosta muito de araucárias, porque elas eram feitas de uma maneira que não concordo, e não acho ecológica.
As convicções têm limites ou não? Quão fortes são minhas convicções? O fato é que não tomarei o sundae e não comprei a araucária, assim como não dou meu dinheiro em produtos cujas propagandas são ofensivas, machistas, homofóbicas, ou racistas, e jamais comprarei uma bota de couro de crocodilo. E tenho dito!

quarta-feira, julho 23, 2008


::Declaração de Amor::


Luzineide - Lula Queiroga

Só um pouco do que eu sinto por você
Daria pra tapar o sol
Serei a sua sombra Luzineide
A sua rede de proteção
Metade do que eu sinto por você
Faria chover no seu sertão
Enxuga esse choro Luzineide
Segura e não solta a minha mão

Quando eu não fico perto de você
As bruxas varrem o meu jardim
Por isso é que eu não vou deixar você ir
Nem longe nem perto sem mim
Com tudo o que eu sinto por você
Daria pra encher o seu pulmão
Respira-me profundo Luzineide
Me afoga no fundo do coração

Imagem: Sertão de Mauro Andriole (http://www.casadacultura.org/arte/pint/mauro_andriole/exposicao_mauro_andriole/aquarelas_mauro_andriole_idx.html)

segunda-feira, junho 30, 2008

:: Alice e Dan::

Alice - Eu não te amo mais.
Dan – Desde quando?
Alice – Agora. Agorinha. Não quero mentir... E não posso contar a verdade... Então está tudo acabado.
Dan – Não importa. Eu te amo. Nada disso importa.
Alice – Tarde demais. Eu não te amo mais. Adeus.
(...)

Alice and Larry


Alice – Vou contar a verdade. E você pode me odiar.Larry e eu transamos a noite toda. Eu adorei. Eu gozei... Eu prefiro você. Agora saia.
Dan – Eu já sabia. Ele me contou.
Alice – Você sabia?
Dan – Eu queria ouvir de você.
Alice – Por quê?
Dan – Ele podia ter mentido. Você não.
Alice – Eu não teria te contado. Você nunca me perdoaria.
Dan – Perdoaria. Eu perdoei!
Alice – Por que ele contou?
Dan – Porque ele é um babaca!
Alice – Como ele pôde?
Dan – Para que isso acontecesse.
Alice – Mas por que me testar?
Dan – Por que sou um idiota!
Alice – Sim. Eu teria te amado... pra sempre. Agora saia.
Dan – Não faz isso. Fala comigo.
Alice – Já falei. Fora!
Dan – Você entendeu mal. Eu não queria...
Alice – Queria sim.
Dan – Eu te amo!
Alice – Onde?
Dan – O quê?
Alice – Mostre - me! Cadê esse amor? Eu não o vejo. Eu não posso tocar nele. Eu não sinto. Eu te ouço. Escuto umas palavras... Mas não posso fazer nada com suas palavras vazias. Diga o que disser. É tarde.
Dan – Não faz isso!
Alice – Está feito.
Dan - O que faz quando não ama mais?
Alice - "Eu não te amo mais, adeus!"
Dan - E se você ainda ama?!
Alice - Não vai.
Dan - Nunca abandonou ninguém que ainda amava?
Alice - Não!



::My headphones saved my life::


Imperfeito - Pato Fu


Eu sei que meu amor
É imperfeito
Mas se ele deixar, vou lhe mostrar
O quanto também
Tenho defeito
Não é pra me gabar
Mas rio do que faço
Eu devia chorar
Eu sei o mal que fiz
Já está feito
Mas lhe pedi perdão, por ser assim
E o coração que
Tenho no peito
Não quer acreditar
Já nem estou mais aqui
Nem em qualquer lugar
Lá vai se embora meu mundo sem mim...
O que há de errado em ser tão errado assim?
Já vou saindo, não precisa empurrar...
Pois meu maior defeito é insistir
Que ele é perfeito,
Que é pura crueldade pedir pra ele mudar
Nem luz, nem espelho,
Nem olhos pra enxergar
Acho que sou alguém
Que nunca vai mudar
Lá vai se embora meu mundo sem mim...
O que há de errado em ser tão errado assim?
Já vou saindo, não precisa empurrar...
Pois meu maior defeito é insistir
Que ele é perfeito,
Que é pura crueldade pedir pra ele mudar


It Wouldn't Have Made Any Difference - Todd Rundgren


Do you remember the last time I said
If I ever thought about lying,
I'd rather think of dying instead
And maybe you remember the last time you called me
to say we were through
How it took a million tears
just to prove they all were for you
But those days are through

'Cause it wouldn't have made any difference,
if you loved me
How could you love me
When it wouldn't really make any difference,
if you really loved me
You just didn't love me

'Cause I know of hundreds of times I could be
In the most unfaithful arms that you always picture me
And maybe you remember that
though I can't always show proof I was true
No one else could change my mind or
stop me coming home to you
But those days are through

You just did not love me enough to believe me
Enough not to leave me
Enough not to look for a reason to be unhappy with me
And make me regret ever wanting you
But those days are through


::Breves Divagações no Escuro::


- Superbad - O retorno dos nerds divertidos dos anos 80, agora com mais estilo. Vote no more for Pedro (de Napoleon Dynamite), vote for McLovin!


- Tem um peixe na banheira - Delicado, sensível, surpreendente.


- Filhos da Esperança - Só o plano-seqüência da batalha nos prédios do gueto já vale o filme.


- O Despertar de uma Paixão - Paisagens lindas, vingança e Erik Satie.


- Confiança - Hal Hartley mais louco e mais belo do que sempre. Amor = respeito + confiança + admiração.


- Sonho de Cassandra - Não sei se deu certo juntar Woody Allen e Philippe Glass.

sábado, junho 14, 2008

Na Pedra

Acordando - Paulinho Moska

Vai que já não dá mais pra voltar atrás
Cai que é pra depois se levantar pra mais
Sai que ás vezes não é pra entrar em paz
Ai, amor não pode faltar

Não se esqueça nunca de lembrar
Sempre tão só o quanto se puder estar
Pois solidão é sol que ainda vai brilhar
E novamente vai te iluminar

Sem repetir nenhum lugar…pois é…
A vida vem repartir nosso luar com fé
Bem que podia não findar, não é ?
Nem desistir, nem se cansar

Sim, eu prefiro não calar
Sobre mim, sobre você e o nosso lar
Mas se é o fim do caminho de um sonhar
Assim será
E é bem melhor acordar

Entretanto - Paulinho Moska

Não vá agora, deixa eu melhorar
Não fique triste, tudo vai passar
É só ciúme, doença que contraí porque te amo demais
Mas também é loucura e loucura e loucura tem cura ciúme também
E paixão é o que me faz bem
Entretanto não vá
Não vá me abandonar
Você é o remédio
Que me tira do tédio, quando me faz amar
Não vá agora
Lembra do nosso abraço, beijo, sexo, demais
Lembra do nosso ninho, nosso cantinho
Que tanto desejo não posso disperdiçar
Lembra da nossa música
Entretanto não vá
Não va me abandonar
Você é o mistério que me tira do sério
Que me faz mar
Entre, entretanto não vá
Não vá me abandonar
Você é o remédio que me tira do tédio
Quando me faz amar...
Entre... tanto...
Não vá...
Não vá embora...
Não vá amor...

Retratos de Tristeza







sexta-feira, junho 06, 2008





::Meeting Myself / Auto-Ajuda::


Adúltera
Traidora
Indigna de confiança
Filha da puta
Insensível
Cruel
Brava
Nervosa
Chata
Ranzinza
Crítica
Estressada
Grossa
Impaciente

Infiel
Igual
Intolerante
Sincera
Destruidora de corações
Egoísta
Egocêntrica
Auto-suficiente
Independente
Feminista
Briguenta
Maníaca
Instável
Falsa
Dissimulada
Ciumenta
Cínica
Sarcástica
Irônica
Hipócrita
Imoral

mais adicionais opicionais.
O primeiro passo para a cura é reconhecer que você tem o problema.


::Vivendo e aprendendo::


Onde os seios de umas começam, os de outras terminam.

::Hoje eu acordei::


Sem vontade de acordar...

::My headphones saved my life::


Antes - Jorge Drexler

Antes de mí tú no eras tú,
antes de ti yo no era yo.
Antes de ser nosotros dos
no había ninguno de los dos,
no había ninguno de los dos.
Antes de ser parte de mí,
antes de darte a conocer,
tú no eras tú y yo no era yo,
parece que fuera antes de ayer.
Antes que nada
yo quiero aclarar
que no es que estuviera,
tampoco pasándolo mal antes.
Tampoco estaba pasándolo mal antes
Pero algo de mí, yo no supe ver
hasta que no me lo mostró,
algo de ti, que quiero creer
que no vio antes que yo,
que nadie vio antes que yo.
Después de todo
lo que quiero es decir
que no entiendo como
podía vivir antes.
No entiendo como podía vivir antes.
No entiendo como podía vivir.
Antes de mí tú no eras tú,
antes de ti yo no era yo.
Antes de ser nosotros dos
no había ninguno de los dos,
Antes de ser parte de mí,
antes de darte a conocer,
tú no eras tú y yo no era yo,
parece que fuera antes de ayer.
Antes de irme
yo debo decir:
yo también pensaba
que era feliz antes.
No entiendo como podía vivir antes.

Paisage Lunar - Jorge Drexler

En tu espalda diez yemas de dedos color marfil
se clavan sin lastimar.

Hay una parte de mí que se va a morir y luego a resucitar.

Hay una huída de sombras rumbo al balcón
entre el humo marroquí.

El cielorraso es el tope del corazón
cuando tu estás sobre mí.

Cientos de miles de lenguas de fuego, son
las que abren las puertas del corazón
de par en par
de par en par

Por la ventana entreabierta que da al balcón
vino la luna a mirar.

Hay un desorden de ropa en el suelo en la habitación
como un paisaje lunar.

Cruza el cuarto al galope el viento del frenesí
que nos despeina a los dos.

Mi boca empieza una frase que no elegí
pero se queda sin voz.

Brilla una lengua de fuego en la oscuridad
se abren las puertas del cielo de par en par
de par en par.

::Momento Paris,Texas::


- Achei que você seria diferente e não foi.
- Isso é frase de fim de relacionamento.
- Mas não é.
- Qual o contrário de diferente?
- ...
- Se eu sou igual a qualquer outro, qualquer um vale, podia tentar alguém que fosse mais fácil.
- Não é assim.
- Às vezes é bom ouvir coisas boas da pessoa que se ama.
- Mas você merece ouvir certas coisas.
- Eu sei, mas sentir-se má cansa.
- Mas é o que eu penso.
- Não quero que você deixe de dizer o que pensa, valorizo muito isso, mas do fundo do meu coração gostaria que você não pensasse essas coisas de mim, porque se você pensa isso, então...

segunda-feira, maio 26, 2008


::Sábias Palavras::

"Verso un regno dove buongiorno vuol dire veramente buongiorno." Frase final de Milagre em Milão de De Sica

"I thought I would cry for you forever, but I couldn't so I didn't." Regina Spektor

::Hoje eu acordei::

Com o pior sentimento que posso ter, e que odeio ter, com dó de mim.

::Escritos de Revolta ou Aforismos de Amor::


Tudo o que você faz um dia volta para você.
Cada um escolhe com que frasco quer lutar.
Cuida do seu que eu cuido do meu.
Nunca nada leva a lugar algum.
Faça o que eu digo mas não o que eu faço.
Quando a carência é grande qualquer elogio de qualquer um basta.

::Dicionário::


Arrufo - agastamento ou mágoa de pouca duração entre pessoas que se estimam.

::My headphones saved my life::


Fidelity - Regina Spektor

I never loved nobody fully
Always one foot on the ground
And by protecting my heart truly
I got lost in the sounds
I hear in my mind
All these voices
I hear in my mind all these words
I hear in my mind all this music

And it breaks my heart
It breaks my heart

And suppose I never met you
Suppose we never fell in love
Suppose I never ever let you kiss me so sweet and so soft
Suppose I never ever saw you
Suppose we never ever called
Suppose I kept on singing love songs just to break my own fall
Just to break my fall
Break my fall

All my friends say that of course its gonna get better
Gonna get better
Better

::Pensando...::


Texto por demais manjado que a internet eternizou como sendo de Shakespeare,mas...vai saber... Pode ser meio piegas, mas há nele frases que em algum momento da vida fazem mais ou menos sentido, por isso escolhi algumas que realmente fazem sentido agora, quem sabe daqui alguns anos eu retorne a ele e escolha outras frases.

Você aprende

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença
entre dar a mão e acorrentar uma alma.

E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que
companhia nem sempre significa segurança.

(...)
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa,
ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.

(...)

Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer
mesmo a longas distâncias.

E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem
você tem na vida.

E que bons amigos são a família que nos permitem escolher.

Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos
que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e
você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e
terem bons momentos juntos.

(...)

Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência
sobre nós, mas somos responsáveis por nós mesmos.

(...)

Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão,
e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade,
pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação,
sempre existem dois lados.

(...)

Aprende que paciência requer muita prática.

(...)

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar
com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.

Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você
quer que ame, não significa que esse alguém não o ama com
tudo que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.

Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas
vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.

(...)

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
William Shakespeare

segunda-feira, abril 21, 2008

::My headphones saved my life::


The very thought of you - Nat King Cole

The very thought of you and I forget to do
The little ordinary things that everyone ought to do
Im living in a kind of daydream
Im happy as a king
And foolish though it may seem
To me thats everything

The mere idea of you, the longing here for you
Youll never know how slow the moments go till Im near to you
I see your face in every flower
Your eyes in stars above
Its just the thought of you
The very thought of you, my love


Happy Together - The Turtles

Imagine me and you, I do
I think about you day and night, it's only right
To think about the girl you love and hold her tight
So happy together

If I should call you up, invest a dime
And you say you belong to me and ease my mind
Imagine how the world could be, so very fine
So happy together

I can't see me lovin' nobody but you
For all my life
When you're with me, baby the skies'll be blue
For all my life

Me and you and you and me
No matter how they toss the dice, it has to be
The only one for me is you, and you for me
So happy together

I can't see me lovin' nobody but you
For all my life
When you're with me, baby the skies'll be blue
For all my life

Me and you and you and me
No matter how they toss the dice, it has to be
The only one for me is you, and you for me
So happy together


::Vivendo e aprendendo::


E de repente, não mais que de repente, por uma adição de palavra no meu vocabulário, me descobri acrática.

::Divagações no Escuro::


Felizes Juntos

A música Happy Together do The Turtles aparece como elemento importante de uns três filmes que eu tenha visto. Outra frase da música foi título do filme Imagine me and you e ela também encerra o ótimo Adaptação, que tem roteiro do Kaufman.

A canção tem gosto amargo ao final do filme de Wong Kar Wai, cada verso nos lembra do amor que podia ter sido tudo e que nada foi, mais uma vez nos filmes de Kar Wai nos deparamos com a impossibilidade amorosa.
A cena em que os dois personagens dançam tango na cozinha da pensão até arrepia de tamanha beleza, a sensibilidade da situação, a sutileza do trato, a iluminação natural, os gestos cheios de amor em meio àquele lugar feio, tudo é tão delicado.
O relacionamento dos dois é totalmente perdido, jamais chegará às Cataratas do Iguaçú. A vida dos dois é tão cheia de problemas e o fato de serem um casal homossexual traz tantas pressões exteriores, implícitas e explícitas, que o relacionamento fica abalado e instável, e eles passam a se machucar entre eles.

Há cenas bastante ousadas de sexo, logo a da abertura é chocante e bela ao mesmo tempo.Tudo é tratado com naturalidade e em momento algum há julgamento quanto ao sentimento dos dois, tudo corre como se eles fossem um casal heterossexual, o que é ponto para Kar Wai já que no cinema isso é tão difícil.
"Vamos começar de novo" é o que o personagem de Leslie Cheung sempre diz a Tony Leung e ele sempre aceita. Eles vivem se magoando, o ciúmes é doentio, obsessivo, eles estão num país estranho, de língua estranha e têm só um ao outro.
A trilha sonora tem Caetano Veloso, Frank Zappa e Astor Piazzola.
Veja a cena do tango no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=2L8KHtUK3xY&feature=related

terça-feira, abril 08, 2008


::Elas não usam sutiã::


Tenho a impressão de que nos dias de hoje não usar sutiã é um absurdo tão grande quanto não ter celular: coisa de gente retrógrada. Afinal, o ato feminista de queimar sutiãs ficou lá na década de 70.
Experimente sair de casa, você mulher moderna, "livre", do século XXI, sem seu sutiã, vestindo uma camiseta tradicional - não precisa exagerar, não precisa ser branca. Os homens a olharão com um imenso ponto de interrogação em seus rostos, as mulheres a olharão com ódio no olhar. Sim, sinto uma pontada de ódio em seus olhos, como se a minha opção de andar por aí sem nada me apertando fosse uma afronta pessoal a cada indivíduo do gênero feminino da raça humana.
Não saio por aí confortavelmente porque sou uma feminista - embora eu o seja - que acredita ser o sutiã uma forma de opressão forjada pela sociedade patriarcal e seu bando de porcos chovinistas. Eu apenas exerço meu direito.
Não faço passeata para que as mulheres abandonem o uso do sutiã, mas faria uma pelo direito de fazê-lo se não me fosse permitido. Se vívessemos realmente numa "sociedade livre" eu poderia andar pelas ruas sem roupa nenhuma, com tudo de fora, e muitos adorariam fazer o mesmo. Mas se pudessemos ver todos nus, as revistas de nudez não venderiam tanto.
A sensualidade e até mesmo a sexualidade não estão no corpo nu, são ambas muito mais do que isso, mas o fato de termos um dia nos coberto fez com que o descoberto fosse pornográfico. Um dia motrar os tornozelos, ou as canelas, foi nudez escancarada. Onde se usam burcas, mostrar os cabelos é desacato.

"Ela dorme todas as noites de sutiã porque quando era menina uma das amigas da mãe disse a ela que esta era a maneira de evitar que os seios caíssem. Todas as noites! Eu já disse a ela que isso é inútil. Já disse que ela poderia passar a vida inteira na horizontal, com os seios presos numa fôrma de aço, e que mesmo assim eles iam acabar parecendo bolsas vazias." (Anotações sobre um escândalo, Zoë Heller, p.179 - ainda bem que estou na casa dos 20!)

*tirinha do Adão publicada na Folha.


::Mote::


Eu não sabia que não sabia até saber.


::My headphones saved my life::


Três - Marina Lima

Um
Foi grande o meu amor
Não sei o que me deu
Quem inventou fui eu
Fiz de você meu sol
Da noite primordial
E o mundo fora nós
Se resumia a tédio e pó
Quando em você
Tudo se complicou

Dois
Se você quer amar
Não basta um só amor
Não sei como explicar
Um só sempre é demais
Pra seres como nós
Sujeitos a jogar
As fichas todas de uma vez
Sem temer naufragar

Não há lugar pra lamúrias
Essas não caem bem
Não há lugar pra calúnias
Mas por que não nos reinventar?

Três
Eu quero tudo que há
O mundo e seu amor
Não quero ter que optar
Quero poder partir
Quero poder ficar
Poder fantasiar
Sem nexo e em qualquer lugar
Com seu sexo junto ao mar.


Os Cegos do Castelo - Nando Reis

Eu não quero mais mentir
Usar espinhos que só causam dor
Eu não enxergo mais o inferno
que me atraiu
Dos cegos do castelo me despeço e vou
A pé até encontrar
Um caminho
O lugar
Pro que eu sou

Eu não quero mais dormir
De olhos abertos me esquenta o sol
Eu não espero que um revolver venha
explodir
Na minha testa se anunciou
A pé a fé devagar
Foge o destino do azar
que restou

E se você puder me olhar
E se você quiser me achar
Se você trouxer o seu lar
Eu vou cuidar
Eu cuidarei dele
Eu vou cuidar
Do seu jardim
Eu vou cuidar
Eu cuidarei muito bem dele
Eu vou cuidar
Eu cuidarei do seu jantar
Do céu e do mar
E de você e de mim

::Sábias Palavras::

"Até mesmo o desejo de repressão é um desejo." (frase de um prof. numa aula sobre Spinoza)

::Favoritos::

Você nunca me perguntou qual meu filme favorito. Quando vai me chamar para ir ao cinema? Você nunca assistiu ao meu filme favorito, aos meus filmes favoritos, e eles jamais serão nossos filmes favoritos, eu fatalmente nunca vou assití-los com você. Filme favorito é como livro favorito, depende da fase que se está vivendo e sempre pode chegar um melhor, sempre se pode descobrir um que agrade mais do que o escolhido anteriormente. Você nunca me perguntou qual meu filme favorito.


A meia amarela era minha preferida, perfeita para o tamanho do meu pé, combinava com todos os meus tênis, a mais confortável. Outro dia saí com meu All Star furado e esse par de meias amarelas. Choveu. Torrencialmente. Pisei em várias poças. Agora, por mais que eu lave as meias elas estão irremediavelmente encardidas, sujas, enegrecidas, imundas, as manchas negras nos calcanhares e debaixo do dedão não saem, de jeito nenhum. Porém, continuarei usando meu par de meias favoritos.


::Minha falta de memória e eu::

Outro dia saiu no jornal uma reportagem sobre os dez anos de publicação de blogs em português, lembrei-me então dos vários blogs que mantive desde junho de 2003, mês de meu primeiro post. Decidi então vasculhar os meus blogs, procurar os melhores textos e publicar aqui também. Aí vão eles.

Em terra de analfabeto, Paulo Coelho é rei!

Estou afadigada, aplastada, bombardeada, combalida, consumida, desgastada, embotada, enfraquecida, esfalfada, esfandegada, esgotada, estafada, exaurida, exausta, extenuada, fatigada, lassa, moída, pregada, quebrada, quebrantada, cansada!
Estou cansada do verde-amarelismo confundido com patriotismo que nos assombra a cada quatro anos, estou cansada da ignorância mantida e desejada por todos, alimentada pela falta de instrução, pela novela das oito, das sete, das seis, das cinco e meia, estou cansada do futebol como meta na vida, estou cansada do ser-mulher-de-jogador-de-futebol-ou-qualquer-ricaço como meta na vida, estou cansada, cansada, cansada dos esteriótipos de magra-bunduda-peituda-cabelo-longo-liso, de bombadinho-saradinho-sem-pêlo-loiro-dos-olhos-azuis, de cabeças vazias, estou cansada de setas que têm a pretensão de me dizer de que lado devo andar na calçada para evitar trombar com o-outro-tão-indesejável, para evitar que eu perceba que outros existem, estou cansada de cancelas que delimitam e me apertam como gado ao entrar no matadouro apenas para "conter" a multidão ao entrar em seu meio de transporte, estou cansada da sensação de que tudo o que o Estado concede, é isso, uma concessão, por piedade e não por ser seu dever, estou cansada de ter o dever de votar e não o direito de votar, estou cansada, cansada, cansada de ouvir os mesmos discursos-vamos-enganar-nossa-população-mantida-por-nós-ignorante-e-faminta, desse espetáculozinho particular que são as eleições, estou cansada dessa política do pão-e-circo-sem-muito-pão da Copa Mundial de Futebol, estou cansada de decretos escrotos que oficializam a caipirinha como bebida oficial do Brasil enquanto o açaí é patenteado no Japão, estou cansada da falta-do-que-fazer, estou,sim,continuo,cansada do país do carnaval, do futebol onde tudo é permitido para o gringo ver, onde todos arreganhamos as pernas para o gringo ver e quando ele vai embora, depois da quarta-feira-de-cinzas voltamos a ser o país de terceiro mundo que ainda tem hanseníase, o país hipócrita-cínico-falso-puritano, estou cansada de ver putaria e aos domingos ver igrejas cheias, estou cansada dos domingos na televisão burrificante, estou cansada, cansada, cansada de Faustão-Gugu-Galisteu-Bernardes-Bonner-Casseta-Planeta-Zorra-história-sem-fim, estou cansada da Academia Brasileira de Letras, da Câmara, do Senado, da Granja do Torto, estou cansada do analfabetismo crônico, estou tão cansada, cansada deste texto cansativo e eterno, cansada...

Postado no "Sem Conhecimento de Causa" a 01/06/2006.


Na frente de batalha

Na velha e eterna guerra "shakesperiana" entre a razão e o coração, quem tem de se render? O mundo capitalista competitivo está nos transformando em indivíduos cada vez mais egoístas, menos dispostos a nos perder de amor. Terá terminado a época de fugir pela janela do quarto numa corda de lençóis para viver com o príncipe encantado? Terá sido alguém feliz assim? Do que abdicamos, quais grandes esforços somos capazes de fazer por amor? Amor de amigo, amor de pai, amor de mãe, amor de amante... lutam contra o orgulho, egoísmo e a correria do dia-a-dia.
O amor próprio deve superar o amor ao próximo? Até que ponto a razão é puro amor próprio? Humilhação é algo muito relativo, o que pode me humilhar pode apenas deixá-lo "sem graça", pode o amor ser humilhante? Renunciar a seus princípios por amor é se humilhar? Há aqueles que mudam de religião, os que mudam de país, obstáculos diversos estão entre a idealização e a realidade entre duas pessoas, há os que os enfrentam e há os que desistem.
Os seres humanos somos animais racionais, será a "voz do coração" um instinto ou uma racionalização dos sentimentos? Ao tomar uma decisão, o que deve vencer na balança? Qual voz ouvir?

Postado em "Futura Astrônoma" a 10/10/2004.


Exorcizando Fantasmas

Muitos dos nossos fantasmas nos perseguem vez ou outra. Mas e quando se vai atrás de seus fantasmas?
Pensando exorcizá-lo, persegui meu fantasma, mas não adiantou. A respiração ficou pesada, o coração bateu mais rápido: pior do que aparecer um fantasma para você é você aparecer para seu fantasma. Será que fiz eu o papel de assombração? Será que sou eu também um fantasma? Um fantasma de meu fantasma?
À distância suas formas pareciam diferentes das de anos atrás, sim, meu fantasma parecia mais forte. Ele vem se aproximando, eu não me mexia, tentava esboçar um sorriso, mas é difícil quando uma assombração se aproxima tão rápido.
Oi!
Enfim, suas feições eram as mesmas, as palavras, a entonação que dava a elas, o jeito de entortar mais um dos cantos da boca, sim, meu fantasma ainda era o mesmo, e aí está o problema: sendo o mesmo, continua a ser fantasma, meu, minha assombração.
Como São Tomé, precisava ver para acreditar, quis ver para acreditar que o fantasma havia se esvaecido, exorcizá-lo mesmo, tirá-lo de minha cabeça, fazer uma sessão de descarrego.
Mas, confrontando-me a ele, que surpresa, continua tão assustador quanto antes, muito antes, muito assustador. Prestei atenção a cada detalhe, de cada palavra a cada músculo de seu corpo de lençol branco com dois furinhos para os olhos. Olhei bem. E depois fugi!

Postado em "Novela das Oito" a 02/12/2006.

Pans and the City

Frases ditas, músicas dançadas, beijos dados, desejos consumados... amores consumidos.
Quando o doce acaba, ainda há o "resto" na panela, que precisa ser raspada, lavada. Assim vão-se os amores - os ou o?- a calda, o recheio, mas fica sempre aquela "sujeirinha", o incômodo, o "e se...?".
"E se eu não tivesse terminado? E se ele não tivesse terminado? E se eu não descobrisse a traição? E se ele me amasse?" E, assim, sofremos por um futuro que jamais viveremos, simulamos reações, ações, que jamais acontecerão. Lembranças dos bons momentos, das brigas, dos "eu te amo", dos "eu te odeio", de um passado ao qual jamais retornaremos.
Jamais, não é tão ruim quanto nunca, apesar de significar a mesma ausência de esperança. Juramentos são cheios de "jamais" e o amor é cheio de juramentos. Todos esquecidos quando se quer raspar a panela, quando, aparentemente, o amor acaba.
Eu preciso esquecer das juras, dos jamais, dos "e se...?", das lembranças. Quero experimentar uma nova receita, enquanto você se lambuza com sua novidade. E eu, ingênua, acreditando na inesquecibilidade do amor, sofrendo seus sintomas. E eu, arrogante talvez, crendo ser insubstituível.
A frase precisa sair desses lábios cerrados, de uma vez por todas, ser gritada, chorada, implorada:
- Farei com você o mesmo que fez com nosso amor: ESQUECER!

Postado em "and the City" a 02/03/2005.

::Entretien avec toi::

Você ainda me admira?
Você ainda acha interessante a minha visão de mundo?
Você ainda me deseja?
Você ainda terá momentos de deslumbramento comigo?

sexta-feira, março 28, 2008

::Coca Cola Blues::


Abre a porta. Fecha a porta. Caminha então pelo curto corredor até a sala sem cortinas iluminada pelas lâmpadas incessantes dos prédios e bares da cidade que não fecha seus olhos.
A embalagem prateada de Marlboro cintila na escrivaninha, a lua pequena de verão se esconde por trás das nuvens cheias de garoa fina. Os pés descalços andam até a cozinha, o corpo quente abre a geladeira, a angústia se encontra numa garrafa de Coca-Cola.Enche um copo de boca larga do líquido que explode bolinhas de gás em sua superfície, um espetáculo de fogos de artifício em miniatura.
Agarra o copo suado como quem se segura num ônibus fazendo uma curva fechada em alta velocidade.Volta à sala, fita mais uma vez os cigarros, olha ao redor em busca de um isqueiro, pensa nos pulmões apodrecidos, nos fetos abortados, nos cânceres de língua, garganta, bexiga, estômago, pensa na impotência - grande ironia! Finalmente abre a caixinha, puxa um símbolo sexy clássico de filmes e fotografias e séries, de filtro amarelo, coloca na boca, sente-se uma grande estrela, Rita Hayworth, senta-se na poltrona.
A
sala tem duas janelas paralelas entre si, os sons e as luzes entram e saem constantemente, infindavelmente, como se o exterior atravessasse a sala de ponta a ponta, cravando a realidade naquilo que podia ser apenas alucinação.
O que fode é a lucidez, a sobriedade, o retorno à percepção de que a dor é real.
Ela dá uma tragada profunda, solta a fumaça envenenada pelo nariz e enfrenta um enorme gole da Coca-Cola. Há alguns minutos tocava Bob Dylan, o que aconteceu? Para onde se esvaiu aquela voz anasalada que ouvira desde o quarto?
O cigarro dura seis ou cinco tragadas. A queimação do refrigerante descendo com seus pequenos rojões pela garganta só antecipa o efeito que mais tarde terá sobre uma gastrite, e assim também a enxaqueca terá seu gatilho preferido. Seria melhor que tivesse tomado as anfetaminas e a cerveja. Mas esse é o seu modo de sentir-se por dentro, provocando as doenças adormecidas para se lembrar de sua própria existência.
Cogita dormir o resto da noite ali mesmo, na poltrona quadrada de 1x1m. Fuma até chegar ao filtro, deixando o gosto de fuligem, coloca o resto do resto no cinzeiro, o copo vazio no tapete e se encolhe.
O desalento aumenta quando da tentativa de diminuí-lo no ato de encolher-se, como se sua mãe fosse vir beijar-lhe os cabelos e dizer que tudo ficará bem, ela fecha os olhos apertando-os com toda a força. Abre-os e se dá conta de que esperava estar em outro lugar quando os abrisse. Percebe que no amanhecer a sala ficaria irritantemente clara, o que a faria acordar daqui umas três horas.
Resolve tentar assim mesmo, imagina possíveis sonhos que seriam agradáveis. Não dorme. Revira-se. Estica uma perna, estica outra, coloca a cabeça no braço da poltrona e os braços tampando os olhos. O tempo não tem fim. O tempo não tem fim. Suspira. O tempo não tem fim.
E ela queria ser a garota de alguém, não como propriedade, não se pode ser dona do que não tem preço.

::Xeroftalmia::


Um amigo (http://www.jackaseltov.com/) disse: "Não se chora de vermelho, de vermelho mata-se, de vermelho morre-se".
Hoje saí de casa vestindo vermelho.

::Mote::


A vida que podia ter sido e que não será.

terça-feira, março 25, 2008


Ne me quitte pas - Jacques Brel

Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit deja
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
A savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
A coups de pourquoi
Le coeur du bonheur
Ne me quitte pas

Moi je t'offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'apres ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi
Où l'amour sera loi
Où tu seras reine
Ne me quitte pas

Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embraser
Je te racont'rai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas

On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quitte pas

Ne me quitte pas
Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler
Je me cacherai là
À te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas


Empty - The Cranberries

Something has left my life,
And I don't know where it went to,
Somebody caused me strife,
And it's not what I was seeking.

Didn't you see me, didn't you hear me?
Didn't you see me standing there,
Why did you turn out the lights?
Did you know that I was sleeping?

Say a prayer for me,
Help me to feel the strenght, I did.
My identity, has it been taken?
Is my heart breakin' on me?

All my plans fell thought my hands,
They fell thought my hands on me.
All my dreams it suddenly seems,
It suddenly seems,
Empty

domingo, março 23, 2008

Numa pintura de Edward Hopper





Pinturas de Hopper:
Eleven Am
Summer Interior
Hotel Room

domingo, março 16, 2008

::Mosh (ou Sobre a possibilidade do retorno ás mascaras quando da chegada das primeiras larvas)::


Advertência: esse texto não é uma carta aberta, e sim uma bola de pêlo.

Eu, a que não me entregava.
Eu, a que não corava.
Eu, a que não me mostrava nua e crua.
Eu, a definida pelas negativas.
Um passo em falso e me apaixonei. Nunca amamos se não estivermos desprevenidos, o amor nos pega de surpresa em seus imensos braços monstruosos e peludos e nos arrasta pelos cabelos até sua caverna, onde revezaremos entre a diversão e a tortura.
Eu então tirei a roupa para ela, toda ela, inclusive as meias, e me entreguei. Levei as mãos ao alto, nua em pêlo e caminhei lentamente sem medo até a beira do abismo, deixando-lhe o poder de me segurar ou me dar um empurrão. O vento batia e eu arrepiava, o sol ardia e eu queimava.
Eu, a que não me entregava.
Eu, a que não corava.
Eu, a que não me mostrava nua e crua.
Sem defesas, transformei-me. À la Gregor Samsa metamorfoseei-me a ponto de não mais me reconhecer. Só havia uma maneira de me ver, de me encontrar, apenas vendo meu reflexo nos olhos dela. Mais importante passou a ser como ela me via do que minha imagem diante de mim num espelho. E isso não me abala. Eu era o que para ela sou. Não é isso o amor?
Eu queria poder querer gritar, xingando, mandá-la tomar no cu e ir se foder. Virar as costas às escarpas e jogar-me, pelo menos um último ato que talvez nada dela contivesse.
Mas quem sou eu agora que vejo seus olhos fechados? Não sei mais quem sou.
Eu, a que não me entregava.
Eu, a que não corava.
Eu, a que não me mostrava nua e crua.
Vejo-me barata estendida no chão com as patas viradas para cima sem conseguir colocá-las para correr. Agonizo. Vagarosamente as primeiras larvas vêm se arrastando e não há sequer chinelos por perto - entreguei-me sem sequer um mata-moscas.
Abandonada, enlouqueço, sentindo cada mordida pequena e doída das miúdas larvas moles e brancas de olhos vermelhos.
Eu grito!
Eu choro!
Eu imploro!
Eu
...
imploro!
E sua silhueta que se desenha sob a luz cruza os braços e permanece de olhos fechados, negando-me meu eu.
Se abre os olhos talvez os invadam poeira, se descruza os braços talvez lhe sejam muito pesados. Leva tempo para se acostumar com o asco causado pelas baratas. O asco gerado pelo medo de se transformar em uma.


::My headphones saved my life::


Duvet - Boa

And you don't seem to understand
A shame you seemed an honest man
And all the fears you hold so dear
Will turn to whisper in your ear
And you know what they say might hurt you
And you know that it means so much
And you don't even feel a thing

I am falling, I am fading,
I have lost it all

And you don't seem the lying kind
A shame then I can read your mind
And all the things that I read there
Candle lit smile that we both share
And you know I don't mean to hurt you
But you know that it means so much
And you don't even feel a thing

I am falling, I am fading, I am drowning,
Help me to breathe
I am hurting, I have lost it all
I am losing
Help me to breathe


terça-feira, março 11, 2008



Entre por essa porta agora

E diga que me adora

Você tem meia hora

Pra mudar minha vida

Vem vambora

Que o que você demora

É o que o tempo leva





You are a china shop
and I am a bull

you are really good food

and I am full

I guess everything is timing

I guess everything's been said

so I am coming home with an empty head
(...)
you'll say it's really good to see you

you'll say I missed you horribly

you'll say let me carry that

give that to me

and you will take the heavy stuff

and you will drive the car

and I'll look out the window making jokes

about the way things are





Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre

Um Chão de Giz

Há meros devaneios tolos

A me torturar






São só palavras: teço, ensaio e cena
A cada ato enceno a diferença

Do que é amor ficou o seu retrato

A peça que interpreto

Um improviso insensato

Essa saudade eu sei de cor

Sei o caminho dos barcos

E há muito estou alheio a quem me entende

Recebe o resto exato e tão pequeno

E dor, se há - Tentava, já não tento






It's the kind of night that's so cold, when you spit
It freezes before it hits the ground

And when a bum asks you for a quarter, you give a dollar

If he's out tonight he must be truly down

And I'm searching all the windows for a last minute present

To prove to you that what I said was real,

For something small and frail and plastic, baby,

'cause cheap is how I feel
Half moon in the sky tonight, bright enough
To come up with an answer

To the question why is it that every time I see you

My love grows a little stronger

But your memory leaves my stomach churning,

Feeling like a lie about to be revealed,

But I'll horde all this to myself

'cause cheap is how I feel






All that I know to be true
Is the touch of your hand on my skin.

One look from you can so easily soothe

All this turmoil within
As we dance cheek to cheek
With our feet so completely

Locked in a time all our own.

I stop to speak

But you gently keep me

Moving in time to the song.

And in a voice that is sloppy with gin

You say, "let the world spin."






The silence of a falling star
Lights up a purple haze

And as I wonder where you are

I'm so lonesome I could cry






Escape is so simple
In a world where sunsets can be raced

But distance only looses the knife

The pattern of its scar

Can always be traced






Electric shocks?
I love them!

With you --> dozen a day

But after a while I wonder

Where's that love you promised me?

Where is it?

Possibly maybe probably love, possibly

Possibly maybe probably love, possibly

How can you offer me love like that?

My heart's burned






It's a hot day
and I'm dressed lightly

I move carefully

through the crowd
here everyone
is so vulnerable

and I'm as well
there's no-one here - and people everywhere CRYING : 'cause I need you
CRYING : I can feel you

CRYING : 'cause I need you

CRYING : 'cause I care





Trechos de:
Vambora - Adriana Calcanhoto
You Had Time - Ani DiFranco
Chão de Giz - Zé Ramalho
Os Barcos - Legião Urbana
'Cause cheap is how I feel - Cowboy Junkies
River Waltz - Cowboy Junkies
I'm so lonesome I could cry - Cowboy Junkies
Escape is so simple - Cowboy Junkies
Possibly maybe - Björk
Crying - Björk

*Imagem: Salvador Dalí, Galatea de las Esferas, 1952.