sábado, setembro 22, 2007

::Amor incondicional?::


Algumas pessoas, não importa o quanto nos magoem, são sempre perdoáveis, relevamos cada detalhe e cada grande mancada, relevamos tudo, na verdade: o chamado amor incondicional, ou seja, que não impõe condições para nascer e, o que é mais importante, para continuar. Mas e quando, em meio a toda essa seqüencia de fatos relevados, revela-se um insuportavelmente imperdoável? E quando sua bondosa alma cristã descobre que não há mais nada de cristão nela e que perdoar nem sempre é possível, nem sempre é um gesto louvável? E quando descobre-se que não adianta de nada ter a bondade de perdoar se não vai ser possivel esquecer? A memória é uma coisa engraçada, quanto mais tentamos esquecer aquilo que nos machuca, mais o ferimento queima, se agrava e nos tortura. Até que eu possa passar pela máquina de Brilho Eterno de uma mente sem lembranças, o que me resta é cantar essa canção a cada vez que me lembro de você, que eu tanto amo, com quem eu tanto me importo mas que escorreu por entre meus dedos, tão rapidamente, e o que eu mais gostaria fosse que o ralo estivesse fechado, mas ele estava aberto.

"Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim será melhor meu bem

O retrato que eu te dei
Se ainda tens não sei
Mas se tiver devolva-me
Deixe-me sozinho
Porque assim eu viverei em paz
Quero que sejas bem feliz
Junto do seu novo rapaz

O retrato que eu te dei
Se ainda tens não sei
Mas se tiver devolva-me"

::A pergunta que não quer calar::


Tudo o que é bom dura pouco?

::Sábias Palavras::


Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos, II

::My headphones saved my life::


Enjoy - Björk

I wish: i want to stay here
I wish: this be enough
I wish: i only love you
I wish: simplicity

Look at the speed out there
It magnetizes me to it
and i have no fear
I'm only in to this to

Enjoy

I wish i'd only look
and didn't have to touch
I wish i'd only smell this
and didn't have to taste

How can i ignore?
this is sex whitout touching
I'm going to explore
I'm only into this to

Enjoy


Stars - Au Revoir Simone

And since we met
I simply cannot forget
You are on my mind
Yes, since the day we met
I think I haven't slept
More than an hour at a time

You make me wanna measure stars
In the backyard
With a calculator and a ruler, baby
I found a letter that describes
How the moonlight will lead me
To a distant place that you will be

I don't know how
But there's a power
For now it conveys a subtle mystery
And from my house
As I look out
The stars align

The open sky
Is mine tonight
It gives a sign
Of what I'll find

domingo, setembro 16, 2007

::My headphones saved my life::


I miss you - Björk

I miss you
but I haven't met you yet
so special
but it hasn't happened yet
you are gorgeous
but I haven't met you yet
I remember
but it hasn't happened yet

and if you believe in dreams
or what is more important
that a dream can come true
I will meet you

I was peaking
but it hasn't happened yet
I haven't been given
my best souvenir
I miss you
but I haven't met you yet
I know your habits
but wouldn't recognize you yet

I'm so impatient
I can't stand the wait
when will I get my cuddle?
who are you?

I know by now that you'll arrive
by the time I stop waiting



::Primeira opção::


Há alguns meses, nesse mesmo blog,escrevi um texto sobre obsessão depois de ter visto o filme Notas sobre um escândalo, uma frase que me marcou muito no filme, e que eu a reproduzi foi:
"Você não é tocada há tanto tempo que o toque acidental de um motorista do ônibus mexe com as suas mais profundas entranhas" Judi Dench como Barbara em Notas sobre um escândalo
Depois de muito tempo consegui ler o livro que deu origem ao filme, Anotações sobre um escândalo de Zoë Heller e estou fascinada pela personagem Barbara, ela é muito mais cativante no livro, embora Judi Dench encarne com perfeição a idéia que se faz dela ao percebemos, ao mesmo tempo, sua crueldade, seu humor super refinado e sua solidão. A frase do filme está assim escrita:
"Elas [as pessoas que não sabem o que é estar sozinha] não sabem o que é ser tão cronicamente intocada que o roçar acidental da mão de um motorista de ônibus em seu ombro manda um solavanco de desejo diretamente para a sua virilha." (ed.Record, 2006, pág.243)
Devo dizer que reconheci um pouco de mim em Sheba também, mas muito mais em Barbara, o que ela tem de certo "puritanismo" eu não compartilho e aí entra Sheba, uma mulher de 40 que se enamora de um garoto de 15, quer coisa menos puritana? Mas Barbara é uma pessoa muito mais, talvez, reflexiva, enquanto Sheba é mais esnobe e expansiva.
Mais do que a obsessão, o que me marcou no livro foi a solidão e as maneira de lidar com ela, até que ponto é condenável? Em que ponto deixa-se de ser crítica e passa-se a ser cruel e até mesmo despeitada? Que tipo de sofrimento justifica certos pensamentos cruéis? E, ainda, será que nós mesmos não temos muitos dos pensamentos cruéis de Barbara mas os negamos até para nós mesmos?
A solidão é inerente ao homem, na realidade, e na mais pura verdade, somos sempre sozinhos, temos nosso próprio mundo incomunicável e impenetrável. Porém, em nosso relacionamento com o outro, podemos ser tão importantes para alguém e esse alguém ser também para nós que passamos a dividir um terceiro mundo com esse alguém, criamos um mundo no qual só os dois têm acesso e assim podemos tentar comunicar uma parte do que somos para outro ser. Não me refiro, exclusivamente, ao amor romântico, acho que falo muito mais de amizade mesmo, e a questão que se dá no livro e pela qual muitas vezes passamos, é ser a primeira opção de alguém, isso talvez seja o que nos faz sentirmo-nos especiais, de alguma forma. Quando pensamos em sair, ir ao cinema, tomar algo e queremos companhia, quando queremos conversar, transar, rolar na grama verde ao sol, quem é nossa primeira opção? Quem é a sua? Será você a primeira opção de alguém? Serei eu a de alguém? Barbara não era a primeira de ninguém e ninguém queria ser a sua, há anos, e isso deve machucar no fundo da alma, pode gerar toda uma vulnerabilidade e sensibilidade ao extremo, uma volatilidade que, se tocada, se esfacela...
Outra teoria muito interessante do livro é a da "tirania do humilde" (p.185), a passividade agressiva e perigosa daqueles que se deixam dominar numa relação, que a torna desigual, enquanto um grita, se descabela, fala, gesticula, teoriza, o outro assiste a tudo calado e concorda com um aceno de cabeça, tudo vai parecendo muito bem quando na verdade milhares de discordâncias vão se formando com o tempo e enfim explodem dando fim a tudo.Triste.

::Divagações no escuro::


Como fazer um filme ideológico

Ingredientes:
1. Um povo, uma nação, um grupo, um modo de vida a ser elogiado e elevado.
2. Um povo, uma nação, um grupo, um modo de vida a ser vilipendiado.
3. Os bonzinhos devem ser passíveis de afeição do público.
4. Ridicularize os inimigos.
5. Salve os bonzinhos.
6. Acabe com os inimigos.
7. Coloque umas músicas de fundo que induzam claramente às suas intenções.
Preparo:
1. A história
O 11 de setembro de 2001, o caso do avião que caiu na Pensylvania.
2. O desenvolvimento
Coloque os "árabes" como "non-english-speakers", bárbaros, que só sabem gritar, fazem o estilo Rambo de ser, meio loucos que viram os olhos enquanto os americanos são postos como muito civilizados, não-caricaturáveis, sensíveis, corajosos, enfim, vítimas.
3. Resultado
Um filme muito bom, bem feito, bem filmado, inovador nas técnicas, envolvente, cativante, triste e muitissimo elogiado: Vôo United 93.

sexta-feira, setembro 07, 2007

::A mulher que não tinha cheiro::


- Bom, melhor não ter cheiro do que ter cheiro ruim.
Eleonora já havia passado da puberdade, há alguns anos, aliás, mas nada mudara na sua condição inodora; não que isso a incomodasse.
- Não, de forma alguma.
Ela pode acordar, fazer ginástica, ir para o trabalho, tomar uma com os amigos e voltar para casa sem se preocupar com desodorante; ela é naturalmente desodorizada.Às vezes fica dois ou três dias, nas férias - é claro - sem tomar banho, de pijama, e nem ela nem suas roupas a entregam pelo crime que ela supostamente cometeu.
Mas que fique bem claro que Eleonora é sim uma pessoa asseada. Seus cabelos brilham, longos, pesados e com um balanço todo seu; sua pele é macia e branca como se nunca tivesse visto sol, chega a ser aveludada, e não só a pele de seu rosto, mas de todo seu corpo; a evolução foi generosa com Eleonora e ela quase não tem pêlos e onde a natureza clama por eles, são muito macios, embora de um castanho duro.
As feições de Eleonora são delicadas, nariz fino, boca pequena, olhos profundos e bochechas rosadas, ao vê- la andar pode-se sentir o coração bater mais rápido, tamanha emoção que sua figura causa, imagina-se que ao se aproximar ela tenha aroma de folhas verdes úmidas, mas o que se sente é, no máximo, um perfume francês de bom gosto. Ela dá duas borrifadas antes de sair de casa, depois do banho, para perfumar seu ser.
- Bom, antes isso do que mau cheiro - essa é a teoria de Eleonora.


::My headphone saved my life::


P.D.A. (WE JUST DON'T CARE), de JOHN LEGEND

Let's go to the Pad
I wanna kiss u underneath the stars
Maybe we go to far
We just don't care

U know I love u when u loving me
Sometimes it's better when it's publicly
I'm not ashamed I, don't care who sees
Just hanging & kissing our love extra basically

We run devour up on the fire escape
I like to setup an alarm today
The love emergency don't make me wait
Just follow I'll lead u
I urgently need you

Let's go to the Pad
I wanna kiss u underneath the stars
Maybe we go to far
We just don't care
Lets make love, let's go somewhere they may discover us
We just don't care

I see u closing down the restaurant
Let's sneak and do it when your boss is gone
Everybody's leaving will have some fun
Or maybe it's wrong but u turn me on
Ooh, will take a visit to your Mama's house
Creep to the bedroom while your Mama's is out
Maybe she will hear it when we scream and shout
And we will keep it rocking until she comes knocking

Let's go to the Pad
I wanna kiss u underneath the stars
Maybe we go to far
We just don't care
Let's make love, let's go somewhere where they may discover us.
Let's get lost and lost
We just don't care

If we keep up on this fooling around
Will be the talk of the town
Let's trun around they will arrive anytime
Let's open up the blinds

Ooh I don't care about the priority
Let's break the rules and ignore society
Maybe the neighbor wants to spy too
So long if they watch what we do

ONE NIGHT, de THE CORRS

Long day and I'm ready,
I'm waiting for your call,
Cos I've made up my mind.
My heart aches with a hunger,
And a want that you were mine,
No, I can not deny.
So for one night,
Is it alright,
That I give you....

My Heart, My Love, My Heart,
Just for one night.
My Body, My Soul,
Just for one night.
My Love, My Love,
For one night.
One Night

When morning awakes me,
Well I know I'll be alone,
So dont you worry about me.
I'm not empty on my own,
For inside, I'm alive,
That for one night,
It was so right,
That I gave you....

My Heart, My Love, My Heart
Just for one night
My Body, My Soul
Just for one night
My Love, I Loved
For one night
One Night

For one night
It was so right
That I gave you

My Heart, My Love, My Heart
Just for one night
My Body, My Soul
Just for one night
My Love, I Loved
For one night


::Divagações no Escuro::


Filhos do Paraíso e as modas do cinema

Lembro-me de conhecer a história de "um filme iraniano sobre duas criancinhas que dividem o mesmo sapatinho", mais ou menos desde 2002 e, finalmente, tive a oportunidade de assistir a ele.
Não me interessava muito por cinema na época do boom do cinema iraniano no circuito alternativo de São Paulo e Rio, só peguei a moda dos filmes argentinos e a dos coreanos e chineses exóticos, dizem agora que está vindo a moda dos romenos, os festivais confirmam. Ainda não vi A Leste de Bucareste. Enfim, o ponto é: não vi muitos filmes iranianos, o único que guardo na memória, marcante, é Gosto de Cereja do Kiarostami.
Filhos do Paraíso é sim um melodrama, é filme para chorar, para enternecer. Mas não é vazio. Podia ser um filme brasileiro, ambientado no sertão do nordeste, o pai vai jardinar, sei lá, em Recife, mas o fato é que é no Irã. As escolas são divididas para meninos e meninas, as garotas escondem seus rostos sob véus e usam sapatos desconfortáveis para fazer educação física, elas não trabalham fora de casa, aliás, já é demais irem à escola. Elas não rezam com os homens nas mesquitas e não tomam aquele chá com açúcar, talvez não tenham competições de corridas nem ganhem canetas. Triste.
Depois de muita calmaria, sujeira, esgoto, é desconcertante ver viadutos, prédios, avenidas, casas gigantescas, sofremos da mesma surpresa que o menino, que vive com os pais e a irmã num cômodo só, mas será que algum dia a irmã verá aquilo tudo? Será que é melhor viver numa condição sem saber de condições melhores?
Sede, desespero, angústia, tristeza, o filme consegue passar esses sentimentos não só pelo conteúdo como também pela forma, talvez resida seu triunfo e não se torne apenas um filme meloso e triste.