quarta-feira, dezembro 29, 2010

Tentando ressuscitar

::Eu tive um sonho, vou te contar, eu me atirava do oitavo andar::
Em Assis tive um sonho bizaríssimo, talvez por conta de estar lendo o Coração das Trevas do Joseph Conrad. Sonhei que uma tribo indígena super violenta me perseguia, tinha todo um enredo, parecia que estava num filme, do tipo A Missão, misturado um pouco com aquela minissérie A Muralha, pelas serras e mares dos locais. O livro do Conrad é bastante envolvente, e as descrições me jogam direto naquele rio selvagem no meio da África, dá até para sentir o calor e a umidade. Assim que puder vou ver de novo Apocalipse Now e tentar localizar onde está o livro no filme, além da figura misteriosa interpretada pelo Marlon Brando.

::O fim e o começo::
Acabo de colar grau. Agora o JupiterWeb informa o início (2006) e o fim do Bacharelado em Filosofia. E agora, José? Quando olho para trás parece que passou muito rápido, quando na verdade sentia, a cada semestre, o tempo se arrastar. A verdade é que voou, é como se ontem mesmo estivesse fazendo matrícula no prédio da História com uma funcionária da seção de alunos extremamente antipática, enquanto davam uma placa para minha mãe escrito: "minha filha entrou em filosofia, onde foi que eu errei?". Sobrevivi a três recuperações, aos seminários de Filosofia Medieval e Filosofia da Ciência, li muito, mas menos do que eu gostaria, bem menos do que eu deveria. Tive satisfações, alegrias, tive medo. Medo de errar de novo, de não dar certo, de no fim não dar em nada. E agora acho que foi uma decisão muito acertada quando resolvi sair do curso de física para prestar filosofia, acho que escolhi bem as disciplinas que cursei ao longo de cinco anos, e que fiz bem em esperar um ano a mais e passar um semestre fora. A decisão errada foi ter cursado apenas um semestre fora e não dois, mas aí são outros 500.
Lembrarei para sempre não só das recuperações sobre Kant, Agostinho e Montaigne, mas também dos cursos maravilhosos do Prof. Terra, do curso maluquetes da arte sem nome, de Deleuze-indecifrável-para-mim e, é claro, do Apêndica da Ética de Espinosa.
A aproximação do final gerou muito desconforto no começo de 2010, mas conforme foi chegando foi ficando inevitável aceitar o prosseguimento dos estudos no mestrado, não que não seja isso que eu quisesse, mas por vezes me iludi achando que poderia dar um tempo, ir fazer outra coisa, alfabetizar adultos no Amazonas, ser guia turística na Europa, enfim, sossegar por um tempo a minha inquietação. Porém não deu nem tempo de pensar, o fim foi chegando e um novo começo teve que ser planejado rapidamente. Às vezes penso que talvez não valha a pena um esforço na busca por bolsas de estudo para fazer o mestrado na França, às vezes acho que o que eu quero encontrar por lá não mais existe, também pode não ser a cura para esse desassossego.
Mas não sentirei saudades dos corredores, dos professores, das amigas da secretaria, do lanche de berinjela da Tia Bia e do gelo da sala pró-aluno. Meu plano de sair da cidade de São Paulo não deu certo, e então continuo por lá. Mas uma porta se fecha. O bacharel. E quando vejo as disciplinas que serão oferecidas para a pós no próximo semestre, para começar com chave de ouro o mestrado, dou de cara com apenas quatro disciplinas, nos campos mais problemáticos para mim e mais distantes da minha pesquisa: lógica, ciência, política e medieval. E agora, José? E nada de disciplinas mais interessantes na Unesp ou Unicamp para alunos externos. O que me resta é inscrever-me no Cepê (finalmente, após 6 anos, a idade, afinal, me chama), acompanhar como ouvinte alguns cursos nas artes plásticas e história, e ler muito, ler muito mesmo, montar um projeto para tentar uma bolsa na Fapesp e dedicar-me sem descanso a minha pesquisa.


Formando
Enformando
Desformando
Informando
Desinformando


::Quero ser Carrie Bradshaw::

Carrie em Paris com o Russo, última temporada, ele a deixa esperando no hotel usando o vestido mais lindo da face da Terra, um bolo magnífico.



::My headphones saved my life::

Enguiço - Adriana Calcanhoto

Eu, hoje,ando atrás de algo impressionante
Que me mate de susto
Um impulso, um rompante
Que é pra me desviar desse mar de calmante
Rodei New York inteira e não te achei
Você mora em Belém

Eu sempre andei atrás de alguém pra andar na frente
Ah, eu quis me apaixonar assim perdidamente
Um engano redondo
O ciúme intuiu meio tarde demais
Ah, o meu orgulho já perdeu teu endereço
Mas o meu coração não
Eu não
Eu não esqueço

Eu, hoje, ando atrás de algo impressionante
Que me mate de susto
Um discurso, um romance
Que é pra me desviar desse mar de calmante
Rodei Belém inteira e não te achei
Você mora com alguém...

Eu sempre andei atrás de alguém pra andar na frente
Ah, eu quis me apaixonar assim perdidamente
Um engano redondo
O ciúme intuiu meio tarde demais
Ah, o meu orgulho já perdeu teu endereço
Mas o meu coração não
Eu não
Eu não esqueço

O meu orgulho já perdeu teu endereço
Mas o meu coração não
Eu não
Eu não esqueço

Nenhum comentário: