sábado, abril 09, 2011

::O Jogo da Filosofia Aleatória::


Numa folha de papel escreva o nome de dez coisas, podem ser objetos, sentimentos, nomes, bandas, flor, carro, cidade, no melhor estilo STOP (ou adedanha, dependendo de onde você more). Exemplo:
Colher, dor, Jimi Hendrix, rosa, fusca, Capital Inicial, ...E o vento levou, coqueiro, sushi, Paris.
Numa outra folha de papel escreva o nome de dez filósofos, de qualquer época, de qualquer país, de qualquer corrente. Exemplo: Platão, Heidegger, Sto Agostinho, Sartre, Heráclito, Hannah Arendt, Descartes, Benjamin, Hume e Anselmo.
Corte cada uma das folhas de modo que em cada pedacinho fique um nome, coloque os nomes de coisas em um saquinho e o nome dos filósofos em outro, chacoalhe os dois saquinhos, tire um nome de coisa e um nome de filósofo, pronto: esse é o tema da sua palestra para um centro cultural. Exemplos: fusca e sto Agostinho – sobre a felicidade e a simplicidade; Jimi Hendrix e Heráclito – like a Rolling Stone.
Digo isso porque é impressionante como se pode falar de tudo com o “atestado” filosófico. Nas livrarias abundam os livros Glee e a filosofia, Metallica e a filosofia, The Simpsons e a filosofia, heróis Marvel e a filosofia, e mais uma vez o CCBB-SP apresenta uma série de palestras misturando os mais diversos temas a nome de filósofos, esse mês a palestra é sobre Bob Dylan e Adorno! Nada contra a filósofa à frente do projeto, eu mesma tenho um projeto de um livro chamado A Feijoada dos Filósofos; em conjunto com alguns amigos queremos explicar a receita de feijoada de acordo com os mais importantes pensadores da humanidade.


:: A realidade é cruel, sempre! ::

Uma amiga disse:
- Ah, você assistiu a Revolutionary Road? Disseram-me que é um filme bonitinho.
- Meu! Bonitinho? Nada disso, o filme é muito cruel.
Assim foi minha conversa ao telefone depois de assistir a Foi Apenas um Sonho de Sam Mendes. Okay, com muito atraso. O filme retrata um casal jovem que passa, nos primeiros cinco minutos de filme, de adolescentes sonhadores a um casamento com filhos no subúrbio de classe média típico dos anos 50 nos Estados Unidos. Mas no fundo eles ainda são os jovens sonhadores de anos atrás. O título em português, como frequentemente acontece, revela o final do filme, toda aquela esperança e espectativa não passou de sonho, mas o título em inglês é irônico, senão sarcástico. Revolutionary Road é a rua na qual o casal mora no subúrbio, até onde entendi, próximo a New York, e não há nada de revolucionário em suas vidas. O sonho da mudança persiste, pude me ver na personagem de Kate Winslet, mas vi muito mais da minha mãe nela, afinal, eu não tenho marido nem dois filhos. April (Kate) não vê o casamento e os filhos como impedimento para a revolução que pretende fazer em sua vida e na do marido, não se arrepende de ter casado e, acima de tudo, os dois se amam. Mas um pouco como em As Horas e nos livros de Clarice e V. Woolf, a aparente calmaria das coisas esconde um insuportável descontentamento. Os planos frustrados enlouquecem April, ou melhor, são o estopim para na verdade ser a real April, para ela é insustentável que seu marido não tenha a mesma disposição que ela para a mudança, que o homem que ela ama possa detê-la e mais, que possa negar-se a ser feliz com ela, a ser feliz, afinal.

2 comentários:

Nicole disse...

Nossa, acho que não dá para fazer a mesma coisa com direito ;).
Sabe o que você está me devendo, a propos? Aquela sessão Sex and the City na tua casa. E o risoto de funghi na minha. Vai rolar na semana da páscoa?

Mari Rosell disse...

Pode querer me matar (só querer), mas com esse casal eu só vejo navios afundando e cabelinhos congelados! XD

Hahaha. O jogo filosófico. Acho que é a mesma sensação que eu tenho quando vejo o Edurado Bueno rico com a venda de livros sobre história que são completamente descomprometidos com a História!