terça-feira, setembro 13, 2011

Você sabe como o caju nasce no pé?

Uma primeira viagem pelo nordeste

Aproveitando a abençoada USP ter me dado, como todos os anos, uma folga de uma semana no feriado do 7 de setembro, fui-me ao nordeste pela primeira vez. Destino: Fortaleza. Escolhi a capital do Ceará por se tratar da morada de meu dignissimo amigo Lucas, de quem sentia muita falta desde minha partida da França, onde morávamos muito mais próximos. Quando eu estava em Paris e ele em Le Havre, 197km nos separavam, hoje, eu aqui, ele em Fortaleza, 3.063km nos distanciam, eita lonjura! Só mesmo com um feriado de uma semana e uma grana da saída do banco.
Fui para passar uma semana, passei dois dias em Jericoacara, o paraíso na terra, um dia todo em Canoa Quebrada e os outros em Fortaleza, aproveitando o feriado para ir com Lucas para Lagoinha, uma praia muito bonita. Mas o que mais me chocou não foi a beleza espetacular das praias e lagoas, e sim a minha ignorância frente a muitas coisas, como, por exemplo, a maneira como o caju cresce no pé. Bom, eu nem sabia reconhecer a árvore do caju, nunca tinha visto, e podia jurar que era a castanha que o prendia na árvore, doce engano. Doce mesmo, comi muito caju, tirado da árvore, e o gosto é muito diferente do que encontramos por aqui.
Não só meus conhecimentos sobre botânica foram aprimorados, mas os meus preconceitos foram derrubados. Em São Paulo, paulistas como eu, daqueles que só veem vacas e galinhas pela televisão, acreditam, ou eu pelo menos pensava, muitas coisas erradas sobre o nordeste, e o nordeste como um todo. Assim como alguns veem na Africa um único país com uma única cultura, muitos veem o nordeste como uma unica coisa. Sim, eu conheci o Ceará e a área litorânea, não posso imaginar como deve ser o sertão, Juazeiro do Norte e tudo o mais, mas me surpreendi com a diferença entre o que eu imaginava ser Fortaleza e o que de fato encontrei.
Primeiramente preciso falar da simpatia do pessoal, por mais que não soubessem ajudar na direção desse ou daquele lugar, todos foram muito simpáticos e educados comigo, começavam a conversar, perguntar de onde eu era, essas coisas. E a simpatia, obviamente, só aumentou em Jericoacara, uma cidadezinha bem pequenina, uma vilinha no mar, super preparada para o turismo. Fortaleza também, está mais preparada para o turista do que São Paulo.
Fortaleza é uma cidade imensa, crescendo loucamente, para todo canto há prédios construindo e grande crescimento horizontal também, muita gente morando em casas. Há trânsito, sim, não muito diferente de Sampa, e muitos semáforos em tudo quanto é cruzamento. Outra curiosidade é que os ônibus não tem diferença de nome de acordo com o sentido, é o nome da linha e pronto, cabe a você adivinhar para qual lado estão indo, achei bem engraçado isso.
Como quase todo mundo que visita Jericoacara, eu quis ficar por lá, trabalhar de garçonete em algum lugar e morar na vilinha, mas o mundo não é bem assim, né? A cidade é fofa, mas é cara, por mais que estivessem precisando de professores por lá, teria de morar na cidade vizinha, porque até o mercado é mais caro, não quero nem pensar o aluguel, né?
Ah, já ia esquecendo de outras curiosidades de Fortaleza, a obsessão geral por música ao vivo em todos os bares e barraquinhas de praia, segundo os locais da cidade, pelo interesse no couvert artístico. E lá eu não sentiria falta da 25, pelo centro tem de tudo, cada barraquinha com uma música mais divertida.
Quinta-feira, o dia da caranguejada, eu massacrei patolas e cabeças de três caranguejos fofinhos, nada mal para uma ex-vegetariana.
Agora, quero é mais nordeste, Johnny People, logo menos estou por aí, carnaval em Olinda e São João em Caruaru, cansei do frio de Sampa, o esquema é o calor do Nordeste, você lava a roupa e depois de algumas horas já está tudo sequinho... só preciso de um novo emprego bem milionário!

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