segunda-feira, janeiro 03, 2011




::Na prateleira::

Outro dia na Folha de São Paulo, a colunista Mirian Goldenberg começou uma discussão sobre o desconforto causado pelas novas categorias inomináveis de relacionamentos. O texto de novembro começa: “Muitas mulheres dizem que não sabem como definir o homem com quem estão tendo uma relação afetiva e sexual.” O que une essas pessoas é mais o sentimento e menos o rótulo de compromissos aceitos e classificados pelos pactos sociais. A discussão é pertinente, e fez o favor de atentar para o fato de que os homens podem simplesmente dizer “esta é minha mulher”, porém se uma mulher apresenta o homem com quem tem um relacionamento como “meu homem” soa extremamente vulgar. Em dezembro, Goldenberg e suas leitoras propuseram que se comece um movimento “pró-meu-homem”, que comecemos a chamar nosso “affaire” de “meu homem”, apresentá-lo assim para famílias e amigos, sim, na maior cara-de-pau. Problemas da vida moderna. O Facebook entendeu, e disponibilizou diferentes opções além dos clássicos “solteiro/casado/divorciado/viúvo”, como amizade-colorida e relacionamento enrolado, mas qual relacionamento não é enrolado?
Uma das pessoas citadas por Goldenberg diz: “Eu me classifico como tendo um relacionamento sério. Mas na vida real como posso apresentá-lo aos meus amigos? Este é fulano, o meu relacionamento sério?" Pois é, pois é, pois é. Respiro fundo. O problema de não querer se auto-rotular é a dificuldade de comunicação. As palavras são convenções para que, a partir do momento em que signifiquem as mesmas coisas para um grupo de pessoas, estas possam se comunicar entre si. Sem rótulos, tudo parece ideal, porém a confusão é geral ao deparar-se com uma sociedade que funciona por rótulos.
Já tive namoros, namoricos, casos escusos, relacionamento aberto, affaire, sexo sem compromisso, amigo com benefícios, amizade-colorida. Mas e quando você dá de cara com sua avó? “Oi vó, esse é Fulano, meu amigo-colorido”. Minha avó vai pensar que meu amigo é gay. Ou “oi vó, esse é Fulano, o cara com quem tenho saído nos últimos tempos e com quem faço sexo usualmente”?



::Divagações no Escuro::

A Rede Social

Vou falar bem baixinho, vai que a Associação dos Pseudo-Intelectuais me ouve... Eu gosto do Justin. Muita calma nessa hora, não o Justin Bibier, mas sim o Justin Timberlake. Não sou fã de sua carreira como cantor, mas quando assisti a Alpha Dog ele foi o ator que mais chamou minha atenção, mais do que a Sharon Stone transformada em mulher-feia. Em A Rede Social é ele de novo quem rouba o filme, proporcionando os melhores momentos do longa.
O filme não tem nada de especial e diferente, mas é um ótimo filme, porque reúne todos os elementos para ser um bom filme, sem vanguardismos ou afetações. Temos ali uma boa história, do tipo que todo mundo gosta: o nerd desprezado que dá a volta por cima. Com requintes de crueldade. E você nem sabe se fica do lado do Zuckerberg ou do Eduardo, afinal, você foi com a cara do Mark, ele é um cara legal e incompreendido, que estava lá, na dele, sendo nerd! Além disso, para os usuários apaixonados do Facebook, a curiosidade que vai sendo aos poucos alimentada para saber como surgiram diversas ideias para o programa só aumenta o prazer em ver o filme. No fundo é isso, não é o novo Godard, não é bonito, é prazeroso.

Tron 
Sim, sim, quero ver os blockbusters! Tenho tempo para todos nas férias, vi o novo Godard, retrospectiva do cinema brasileiro 2010, o recente Almodóvar e o do Michael Jackson na TV e, finalmente, criei coragem para colocar a mão no bolso e ir ver um filme em IMAX. Super concorrido, consegui um péssimo lugar, vendo filme de lado, o que, em 3D devia ser proibido. Fora que uma sala para uma tela daquelas, com uma projeção daquelas, deveria ter sido melhor projetada, não é justo que se pague tão caro para ter um péssimo assento. Bom, de fato a tela logo na entrada já me fascinou. O filme não é lá essas coisas em 3D, por serem muito escuros os óculos só tornam a situação pior e, como sempre, são desconfortáveis, e por não ter mesmo muitos efeitos de 3D. Boa mesmo foi a abertura da Disney, com o castelinho, em 3D, foi genial, de arrepiar o braço.
Não vi o filme da década de 80, o que mais me atraiu para o cinema, além do IMAX, foi a trilha sonora do Daft Punk, que não decepcionou, ainda mais quando eles aparecem na festa, com o vilão que merece concorrer o MTV Movie Awards de melhor vilão do ano, hilário o Michael Sheen como Castor.




::Anamnese Epistolar::

A vida é curta e a vida é mais do que podemos suspeitar, as pessoas são maravilhosas, às vezes. E somos sozinhos.

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