domingo, setembro 16, 2007

::My headphones saved my life::


I miss you - Björk

I miss you
but I haven't met you yet
so special
but it hasn't happened yet
you are gorgeous
but I haven't met you yet
I remember
but it hasn't happened yet

and if you believe in dreams
or what is more important
that a dream can come true
I will meet you

I was peaking
but it hasn't happened yet
I haven't been given
my best souvenir
I miss you
but I haven't met you yet
I know your habits
but wouldn't recognize you yet

I'm so impatient
I can't stand the wait
when will I get my cuddle?
who are you?

I know by now that you'll arrive
by the time I stop waiting



::Primeira opção::


Há alguns meses, nesse mesmo blog,escrevi um texto sobre obsessão depois de ter visto o filme Notas sobre um escândalo, uma frase que me marcou muito no filme, e que eu a reproduzi foi:
"Você não é tocada há tanto tempo que o toque acidental de um motorista do ônibus mexe com as suas mais profundas entranhas" Judi Dench como Barbara em Notas sobre um escândalo
Depois de muito tempo consegui ler o livro que deu origem ao filme, Anotações sobre um escândalo de Zoë Heller e estou fascinada pela personagem Barbara, ela é muito mais cativante no livro, embora Judi Dench encarne com perfeição a idéia que se faz dela ao percebemos, ao mesmo tempo, sua crueldade, seu humor super refinado e sua solidão. A frase do filme está assim escrita:
"Elas [as pessoas que não sabem o que é estar sozinha] não sabem o que é ser tão cronicamente intocada que o roçar acidental da mão de um motorista de ônibus em seu ombro manda um solavanco de desejo diretamente para a sua virilha." (ed.Record, 2006, pág.243)
Devo dizer que reconheci um pouco de mim em Sheba também, mas muito mais em Barbara, o que ela tem de certo "puritanismo" eu não compartilho e aí entra Sheba, uma mulher de 40 que se enamora de um garoto de 15, quer coisa menos puritana? Mas Barbara é uma pessoa muito mais, talvez, reflexiva, enquanto Sheba é mais esnobe e expansiva.
Mais do que a obsessão, o que me marcou no livro foi a solidão e as maneira de lidar com ela, até que ponto é condenável? Em que ponto deixa-se de ser crítica e passa-se a ser cruel e até mesmo despeitada? Que tipo de sofrimento justifica certos pensamentos cruéis? E, ainda, será que nós mesmos não temos muitos dos pensamentos cruéis de Barbara mas os negamos até para nós mesmos?
A solidão é inerente ao homem, na realidade, e na mais pura verdade, somos sempre sozinhos, temos nosso próprio mundo incomunicável e impenetrável. Porém, em nosso relacionamento com o outro, podemos ser tão importantes para alguém e esse alguém ser também para nós que passamos a dividir um terceiro mundo com esse alguém, criamos um mundo no qual só os dois têm acesso e assim podemos tentar comunicar uma parte do que somos para outro ser. Não me refiro, exclusivamente, ao amor romântico, acho que falo muito mais de amizade mesmo, e a questão que se dá no livro e pela qual muitas vezes passamos, é ser a primeira opção de alguém, isso talvez seja o que nos faz sentirmo-nos especiais, de alguma forma. Quando pensamos em sair, ir ao cinema, tomar algo e queremos companhia, quando queremos conversar, transar, rolar na grama verde ao sol, quem é nossa primeira opção? Quem é a sua? Será você a primeira opção de alguém? Serei eu a de alguém? Barbara não era a primeira de ninguém e ninguém queria ser a sua, há anos, e isso deve machucar no fundo da alma, pode gerar toda uma vulnerabilidade e sensibilidade ao extremo, uma volatilidade que, se tocada, se esfacela...
Outra teoria muito interessante do livro é a da "tirania do humilde" (p.185), a passividade agressiva e perigosa daqueles que se deixam dominar numa relação, que a torna desigual, enquanto um grita, se descabela, fala, gesticula, teoriza, o outro assiste a tudo calado e concorda com um aceno de cabeça, tudo vai parecendo muito bem quando na verdade milhares de discordâncias vão se formando com o tempo e enfim explodem dando fim a tudo.Triste.

::Divagações no escuro::


Como fazer um filme ideológico

Ingredientes:
1. Um povo, uma nação, um grupo, um modo de vida a ser elogiado e elevado.
2. Um povo, uma nação, um grupo, um modo de vida a ser vilipendiado.
3. Os bonzinhos devem ser passíveis de afeição do público.
4. Ridicularize os inimigos.
5. Salve os bonzinhos.
6. Acabe com os inimigos.
7. Coloque umas músicas de fundo que induzam claramente às suas intenções.
Preparo:
1. A história
O 11 de setembro de 2001, o caso do avião que caiu na Pensylvania.
2. O desenvolvimento
Coloque os "árabes" como "non-english-speakers", bárbaros, que só sabem gritar, fazem o estilo Rambo de ser, meio loucos que viram os olhos enquanto os americanos são postos como muito civilizados, não-caricaturáveis, sensíveis, corajosos, enfim, vítimas.
3. Resultado
Um filme muito bom, bem feito, bem filmado, inovador nas técnicas, envolvente, cativante, triste e muitissimo elogiado: Vôo United 93.

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