sexta-feira, setembro 07, 2007

::A mulher que não tinha cheiro::


- Bom, melhor não ter cheiro do que ter cheiro ruim.
Eleonora já havia passado da puberdade, há alguns anos, aliás, mas nada mudara na sua condição inodora; não que isso a incomodasse.
- Não, de forma alguma.
Ela pode acordar, fazer ginástica, ir para o trabalho, tomar uma com os amigos e voltar para casa sem se preocupar com desodorante; ela é naturalmente desodorizada.Às vezes fica dois ou três dias, nas férias - é claro - sem tomar banho, de pijama, e nem ela nem suas roupas a entregam pelo crime que ela supostamente cometeu.
Mas que fique bem claro que Eleonora é sim uma pessoa asseada. Seus cabelos brilham, longos, pesados e com um balanço todo seu; sua pele é macia e branca como se nunca tivesse visto sol, chega a ser aveludada, e não só a pele de seu rosto, mas de todo seu corpo; a evolução foi generosa com Eleonora e ela quase não tem pêlos e onde a natureza clama por eles, são muito macios, embora de um castanho duro.
As feições de Eleonora são delicadas, nariz fino, boca pequena, olhos profundos e bochechas rosadas, ao vê- la andar pode-se sentir o coração bater mais rápido, tamanha emoção que sua figura causa, imagina-se que ao se aproximar ela tenha aroma de folhas verdes úmidas, mas o que se sente é, no máximo, um perfume francês de bom gosto. Ela dá duas borrifadas antes de sair de casa, depois do banho, para perfumar seu ser.
- Bom, antes isso do que mau cheiro - essa é a teoria de Eleonora.


::My headphone saved my life::


P.D.A. (WE JUST DON'T CARE), de JOHN LEGEND

Let's go to the Pad
I wanna kiss u underneath the stars
Maybe we go to far
We just don't care

U know I love u when u loving me
Sometimes it's better when it's publicly
I'm not ashamed I, don't care who sees
Just hanging & kissing our love extra basically

We run devour up on the fire escape
I like to setup an alarm today
The love emergency don't make me wait
Just follow I'll lead u
I urgently need you

Let's go to the Pad
I wanna kiss u underneath the stars
Maybe we go to far
We just don't care
Lets make love, let's go somewhere they may discover us
We just don't care

I see u closing down the restaurant
Let's sneak and do it when your boss is gone
Everybody's leaving will have some fun
Or maybe it's wrong but u turn me on
Ooh, will take a visit to your Mama's house
Creep to the bedroom while your Mama's is out
Maybe she will hear it when we scream and shout
And we will keep it rocking until she comes knocking

Let's go to the Pad
I wanna kiss u underneath the stars
Maybe we go to far
We just don't care
Let's make love, let's go somewhere where they may discover us.
Let's get lost and lost
We just don't care

If we keep up on this fooling around
Will be the talk of the town
Let's trun around they will arrive anytime
Let's open up the blinds

Ooh I don't care about the priority
Let's break the rules and ignore society
Maybe the neighbor wants to spy too
So long if they watch what we do

ONE NIGHT, de THE CORRS

Long day and I'm ready,
I'm waiting for your call,
Cos I've made up my mind.
My heart aches with a hunger,
And a want that you were mine,
No, I can not deny.
So for one night,
Is it alright,
That I give you....

My Heart, My Love, My Heart,
Just for one night.
My Body, My Soul,
Just for one night.
My Love, My Love,
For one night.
One Night

When morning awakes me,
Well I know I'll be alone,
So dont you worry about me.
I'm not empty on my own,
For inside, I'm alive,
That for one night,
It was so right,
That I gave you....

My Heart, My Love, My Heart
Just for one night
My Body, My Soul
Just for one night
My Love, I Loved
For one night
One Night

For one night
It was so right
That I gave you

My Heart, My Love, My Heart
Just for one night
My Body, My Soul
Just for one night
My Love, I Loved
For one night


::Divagações no Escuro::


Filhos do Paraíso e as modas do cinema

Lembro-me de conhecer a história de "um filme iraniano sobre duas criancinhas que dividem o mesmo sapatinho", mais ou menos desde 2002 e, finalmente, tive a oportunidade de assistir a ele.
Não me interessava muito por cinema na época do boom do cinema iraniano no circuito alternativo de São Paulo e Rio, só peguei a moda dos filmes argentinos e a dos coreanos e chineses exóticos, dizem agora que está vindo a moda dos romenos, os festivais confirmam. Ainda não vi A Leste de Bucareste. Enfim, o ponto é: não vi muitos filmes iranianos, o único que guardo na memória, marcante, é Gosto de Cereja do Kiarostami.
Filhos do Paraíso é sim um melodrama, é filme para chorar, para enternecer. Mas não é vazio. Podia ser um filme brasileiro, ambientado no sertão do nordeste, o pai vai jardinar, sei lá, em Recife, mas o fato é que é no Irã. As escolas são divididas para meninos e meninas, as garotas escondem seus rostos sob véus e usam sapatos desconfortáveis para fazer educação física, elas não trabalham fora de casa, aliás, já é demais irem à escola. Elas não rezam com os homens nas mesquitas e não tomam aquele chá com açúcar, talvez não tenham competições de corridas nem ganhem canetas. Triste.
Depois de muita calmaria, sujeira, esgoto, é desconcertante ver viadutos, prédios, avenidas, casas gigantescas, sofremos da mesma surpresa que o menino, que vive com os pais e a irmã num cômodo só, mas será que algum dia a irmã verá aquilo tudo? Será que é melhor viver numa condição sem saber de condições melhores?
Sede, desespero, angústia, tristeza, o filme consegue passar esses sentimentos não só pelo conteúdo como também pela forma, talvez resida seu triunfo e não se torne apenas um filme meloso e triste.

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